Folha de S. Paulo


Houve "falha de comunicação", afirmam aliados de Dilma sobre vaias

Aliados da presidente Dilma Rousseff entraram em campo nesta quarta-feira (10) para minimizar as vaias recebidas hoje pela petista durante 16ª Marcha dos Prefeitos, em Brasília.

Os governistas afirmam que houve "falha de comunicação" e, com isso, não permitiu aos prefeitos entenderem que Dilma anunciava um pacote de bondades aos municípios, que inclui a liberação de R$ 3 bilhões às prefeituras.

"Parabenizo a presidente por ter ido à marcha e de ter levado solução. Acho que foi uma questão de comunicação. A presidente ofereceu R$ 3 bilhões, uma compensação pelas perdas dos prefeitos", disse o senador Jorge Viana (PT-AC).

Depois do anúncio das medidas, coube ao presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, Paulo Ziulksoki, traduzir o anúncio feito por Dilma. Além de informar os prefeitos sobre a liberação do dinheiro, Ziulkoski também repreendeu os prefeitos por terem vaiado a presidente.

O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), lembrou que o ex-presidente Lula ofereceu duas vezes durante marchas de prefeitos R$ 1 bilhão de acréscimo no FPM (Fundo de Participação dos Municípios) --e sempre foi ovacionado.

"Ontem, nos corredores desse Congresso, só se falava que o pleito dos prefeitos era 2% de aumento do FPM, mas que a presidente deveria anunciar 1%. A expectativa de todos nós é que fosse anunciado 1%, e ela anunciou 1,3%, anunciou R$3 bilhões", reagiu Raupp.

Jornalista, a senadora Ana Amélia (PP-RS) disse que faltou a Dilma articular melhor como seria o anúncio do repasse dos recursos aos prefeitos, que não entenderam a sua mensagem.

"Às vezes, esse ruído na comunicação não claramente feita pode provocar o que aconteceu hoje. Eu penso que se salvaram todos depois do episódio, porque coube à presidente da República manifestar, como estadista, que não é fácil você compatibilizar quando há escassez e há uma demanda represada para as prefeituras municipais", afirmou.

Para o senador Casildo Maldaner (PMDB-SC), faltou "jeito" para Dilma se comunicar com os prefeitos. "Ela liberou 1% do Fundo de Participação, só que ela falou de uma maneira diferente, falou dos R$ 3 bilhões, ou coisa que o valha, e os prefeitos não entenderam na hora."

VAIAS

Apesar de ter sido aplaudida de pé em sua entrada e no início de sua fala pelos presentes na plateia, Dilma foi vaiada sob pedidos dos prefeitos de revisão do Fundo de Participação dos Municípios, não mencionada em seu discurso.

Depois, quando a presidente já havia saído do palco onde falou à plateia, os presentes foram repreendidos por Ziulkoski, que organiza o evento.

"Mas parece que somos uma manada irracional", discursou Ziulkoski. "Para que vaiar? O que se ganha com isso? Eu sou o maior bronco do governo, vocês sabem como é que é", desabafou.

Dilma anunciou durante o evento mais recursos para saúde e educação, no valor de R$ 3 bilhões. Eles serão repassados em duas parcelas: uma em agosto deste ano e a segunda em abril de 2014. Também anunciou ampliação da verba do Programa de Atenção Básica, em R$ 600 milhões ao ano.

Depois, disse que vai mandar R$ 4 mil ao mês para equipes de saúde --um total de R$ 3 bilhões. Outros R$ 5,5 bilhões serão para custeio de estrutura do SUS (Sistema Único de Saúde). E mais R$ 3,2 bilhões irão para 2.000 creches.

Anunciou ainda que, a partir de agora, todos os municípios abaixo de 50 mil habitantes podem acessar o programa Minha Casa Minha Vida. "Nós não vamos mais deixar que haja seleção. Todos os municípios podem executar o programa Minha Casa Minha Vida", disse a presidente.


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