Folha de S. Paulo


Pressa por reforma política pode atrapalhar, diz FHC

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que a pressa em tornar efetiva uma reforma política pode impedir sua aprovação no Congresso. Ele defendeu o debate, mas que o resultado só tenha efeitos práticos após 2014.

"Tenho uma longa experiência de reformas no Brasil. Me arrependo de não ter feito algumas reformas para valer daqui a cinco anos. É mais fácil aceitar para mais tarde. Não sei se a pressa vai facilitar ou dificultar a consecução da reforma política. O fato de não valer para as próximas eleições não pode ser impedimento para discutir a sério", disse FHC.

Ele disse que um plebiscito sem debate prévio acerca do tema pode ser uma "manipulação".

"Os tribunais eleitorais disseram uma coisa verdadeira. O plebiscito não pode ser para uma manipulação, o povo votar sem saber o que vai votar. Tem que haver uma discussão prévia. Não creio que seja possível até outubro, prazo fatal para valer até o ano que vem", disse ele, ao sair de reunião do Instituto Teotônio Vilela no Rio.

"A reforma política é muito importante. De fato merece ser enfrentada. Plebiscito eu não sei se é a melhor maneira, porque é um tema muito complicado. Voto distrital qual? O majoritário ou o proporcional? É misto? São muitas perguntas."

FHC disse que nenhum partido pode capitalizar com as manifestações. Para o ex-presidente, o governo federal buscou transferir o problema ao propor o plebiscito e, para ele, jogar a responsabilidade para o Congresso.

"Mas acho que ao fazer isso, ele puxou para si o problema. Inicialmente parecia um debate local, de ônibus, mobilidade urbana, e o governo federal chamou para si. Resultado: um desgaste enorme".


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