Folha de S. Paulo


Líder do governo diz ser "praticamente" impossível que plebiscito valha para 2014

O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), indicou nesta sexta-feira (5) ser "praticamente" impossível que o plebiscito para a reforma política seja realizado a tempo de as regras valerem para as eleições de 2014.

No entanto, ele afirma que a ordem no governo é trabalhar até o fim para tentar viabilizar que a votação ocorra antes de 5 de outubro.

"Há quem analise que o fato de o TSE ter definido 70 dias, isso praticamente tira a chance [de ser realizado a tempo de as novas regras valerem para 2014]. Agora, a orientação do governo é que o praticamente não é totalmente. E nós vamos trabalhar pra ver se dá tempo", afirmou Chinaglia, após reunião com a presidente Dilma Rousseff e com a bancada do PT na Câmara, no Palácio do Planalto.

Ontem, a presidente Dilma, irritada com declaração do vice-presidente Michel Temer, que jogara a toalha em relação à viabilidade de um plebiscito no curto prazo, fez o aliado voltar atrás na declaração através de uma nota à imprensa.

A realização de um plebiscito, de forma a alterar regras da disputa eleitoral já para o ano que vem, foi uma das principais, e seguramente a mais polêmica, das medidas tomadas por Dilma em resposta às manifestações nas ruas do país.

Segundo o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), a questão da data de realização do plebiscito não foi objeto da reunião, que durou mais de duas horas.

"A discussão foi geral. Não foi discussão de hoje ou amanhã", afirmou.

PMDB

De acordo com Guimarães, o tópico principal da reunião foi a necessidade de "recompor" a base do governo, especialmente em relação à relação do partido com o PMDB, principal aliado do PT no Congresso e que tem se oposto à realização de um plebiscito que altere as regras eleitorais já em 2014.

"É fundamental a gente afinar a viola", disse o líder do PT. "Vamos trabalhar para rearticular a base, pacificar a base."

Segundo ele, a base não chega a estar "quebrada". "A base não está quebrada. A viola desafinou um pouco. E qualquer viola desafinada tem que ser afinada. E o PT pode ajudar a afinar, e já está afinando", afirmou Guimarães.

A avaliação de Dilma, segundo o petista, foi a de que "precisamos [PT e governo] estar mais juntos".

José Guimarães saiu da reunião desenhando um céu de brigadeiro em relação ao humor e às expectativas da presidente. Segundo ele, a bancada levantou-se espontaneamente na reunião e aplaudiu a presidente de pé.

"Eu quero confessar pra vocês que ela falou assim: confiem, porque eu estou absolutamente segura, não tem descontrole da inflação, eu vou enfrentar isso", relatou o deputado. "O astral da presidenta está nas nuvens. Muito bom."

"Dissemos pra ela: o PT veio aqui pra te dizer que estamos com a senhora até debaixo d'água", completou.

LULA

Neste sentido, o líder do PT buscou descartar quaisquer rumores sobre um suposto apoio de parte da bancada ao retorno, nas próximas eleições, do ex-presidente Lula.

"Não existe esse debate. Firmamos a posição com a presidente. A presidente é que vai liderar esse processo de mudança por dentro, de aprimoramento das políticas públicas. Não tem esse negócio de volta Lula. A bancada está solidária [a Dilma]", disse.

Editoria de Arte/Folhapress

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