Folha de S. Paulo


Operação afasta presidente da Assembleia e prende vereadores em Rondônia

Um operação policial realizada nesta quinta-feira (4) em Rondônia resultou no afastamento do presidente da Assembleia Legislativa do Estado de suas funções e na prisão de seu filho e de três vereadores da capital.

Segundo a polícia, eles são suspeitos de comandar uma organização criminosa que traficava drogas e aplicava golpes em financeiras e operadoras de cartão de crédito.

O grupo atuava em nove Estados, tem patrimônio estimado em R$ 33 milhões em imóveis e veículos, e tinha acesso a vantagens obtidas ilegalmente com o poder público, segundo a polícia.

Os vereadores presos pela Operação Apocalipse são Marcelo Reis (PV) --o mais votado de 2012 e apresentador de um programa policial em uma TV local-- Eduardo Rodrigues (PV) e Jair Montes (PTC).

O quarto preso é Roberto Rivelino Guedes, filho do presidente da Assembleia, Hermínio Coelho (sem partido).

O Tribunal de Justiça afastou o presidente da assembleia e mais quatro deputados estaduais das funções legislativas por quinze dias, em razão das suspeitas levantadas pela Polícia Civil de que eles participassem da quadrilha.

Também houve prisões de empresários e servidores públicos. A polícia não havia divulgado um balanço dos detidos até o final da tarde.

Segundo a polícia, o inquérito tem cerca de 5 mil páginas. Foram realizadas mais de 70 mil interceptações telefônicas de 125 pessoas investigadas. A operação de hoje pretendia cumprir 48 mandados de prisão preventiva.

A operação ocorreu sete dias após a prisão do deputado estadual Marcos Donadon (PMDB-RO), condenado pelo desvio de verbas da Assembleia Legislativa há 14 anos. Marcos, que é aliado do governador, Confúcio Moura (PMDB), teve o gabinete destituído e processo de cassação aberto por Hermínio Coelho.

OUTRO LADO

Para o presidente da Assembleia, a operação policial foi uma retaliação. "Estão tentando incriminar, manchar minha vida política e pública. Eu denunciei vários escândalos de corrupção no governo e agora querem tirar meu poder no tapetão. Eles não prenderam ninguém do [governo do] Estado", disse Coelho.

Ele também apresentou à reportagem documentos onde o Ministério Público se posiciona contra os mandados de busca e apreensão e ao afastamento de deputados durante a Operação Apocalipse.

O secretário de Segurança do Estado, Marcelo Bessa, negou que a operação tenha conotação política. "Fizemos tudo dentro da lei e com base jurídica. Nem o governador, nem eu temos nada pessoal contra os presos", disse.

Nelson Canedo, advogado dos três vereadores presos, do presidente da Assembleia e de seu filho, disse que não iria comentar as prisões porque ainda não teve acesso ao inquérito e que a operação aparentemente tem caráter político.

Em nota oficial, a Assembleia Legislativa disse que a operação contou com mandados expedidos, coincidentemente, por uma juíza convocada extraordinariamente para ocupar interinamente o cargo de desembargadora.

O texto diz ainda que o departamento jurídico trabalha para devolver o cargo com urgência a todos os deputados afastados.


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