Folha de S. Paulo


Dilma receberá representantes evangélicos na próxima semana

Duas semanas depois de receber críticas e ameaças de líderes evangélicos por ter recebido movimentos sociais ligados à causa gay, a presidente Dilma Rousseff deverá receber na próxima semana representantes evangélicos no Palácio do Planalto.

Responsável pela interlocução com movimentos sociais, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) disse nesta quarta-feira (3) que ainda não há data nem representantes confirmados, mas que a agenda será definida no intuito de continuar debatendo "o momento nacional".

A reunião faz parte da estratégia do governo para dar uma resposta às manifestações que tomam conta das ruas em vários Estados.

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Na semana passada, pelo Twitter, o deputado Pastor Marco Feliciano mandou uma mensagem para o pastor Silas Malafaia sobre uma reunião da presidente com ativistas LGBT. "Somos ou não somos invisíveis?", questionou. Ainda pela rede social Malafaia subiu o tom da reclamação e disse que Dilma tem recebido até "vadias", mas esqueceu dos evangélicos.

Segundo o ministro, Dilma deverá receber também, a partir de sexta-feira, movimentos organizados do campo, além de ativistas da cultura digital, do movimento feminista, de grupos ligados ao combate à desigualdade racial e de povos indígenas. Ele afirmou também que ela receberá autores de "blogs populares".

Sergio Lima - 26.junh.2013/Folhapress
Presidente Dilma Rousseff recebe representantes do movimento LGBT
Presidente Dilma Rousseff recebe representantes do movimento LGBT

"Seria um ciclo novo que estamos abrindo, além dos que já fizeram, sempre nessa perspectiva da importância de ouvir a sociedade, as demandas, aquilo que as ruas manifestaram", disse.

"É um momento da presidenta ouvir diretamente questões, sugestões, análises do movimento sobre o momento nacional e, claro, apresentar as suas demandas, que, na medida do possível, serão tratadas depois pelo governo", completou o ministro.

PLEBISCITO

O ministro minimizou a decisão do PMDB, anunciada na noite passada, de enviar uma proposta à parte à base aliada sobre a proposta de plebiscito que Dilma encaminhou nesta terça ao Congresso.

"O PMDB é o nosso principal parceiro. Mais do que parceiro, faz parte do governo em sua essência", disse Carvalho, em referência ao vice-presidente Michel Temer. "Agora, é natural que o partido, enquanto partido, tenha liberdade de se expressar, se manifestar."

"Nós confiamos no prosseguimento do debate e na nossa capacidade de convencer os parlamentares da conveniência do plebiscito", afirmou.

"Quando você faz uma aliança política, você faz uma aliança entre diferentes, e não entre iguais. Então, bem vinda a divergência, bem vinda a diferença. O importante é convergir para os pontos centrais."

Ele defendeu ainda o financiamento público de campanha --pauta defendida tradicionalmente pelo PT, cujo questionamento foi encampado na minuta encaminhada por Dilma ao Legislativo. Segundo ele, "o atual sistema eleitoral é um sistema que induz de alguma forma a uma dependência econômica e a um tipo de corrupção".

"Se é verdade que nós queremos acabar com a corrupção, é importante que façamos uma reforma estrutural na política, na forma de funcionamento da política e trabalhe primeiro o financiamento público de campanha sem a proibição da contribuição individual, pessoa física, e acabar com o financiamento para pessoa jurídica, e que também trabalhe formas de participação da sociedade na política."


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