Folha de S. Paulo


Dilma está 'calma' com pesquisa, diz ministro

O ministro Paulo Bernardo (Comunicações) afirmou que a presidente Dilma Rousseff está "calma" em relação à queda na sua popularidade detectada pela pesquisa Datafolha publicada hoje pela Folha.

Popularidade de Dilma cai 27 pontos após protestos
Proposta de plebiscito tem apoio de 68%
Para governistas, desgaste da popularidade não se restringe apenas à gestão Dilma

Na pesquisa, que foi finalizada ontem, a avaliação positiva do governo da petista caiu 27 pontos em três semanas. Hoje, 30% dos brasileiros consideram a gestão Dilma boa ou ótima. Na primeira semana de junho, antes da onda de protestos que irradiou pelo país, a aprovação era de 57%. Em março, seu melhor momento, o índice era mais que o dobro do atual, 65%.

Bernardo se reuniu durante toda a manhã com Dilma, Helena Chagas (Comunicação Social) e Aloizio Mercadante (Educação). Bernardo repetiu o discurso de sua mulher, Gleisi Hoffman (Casa Civil), de que a queda é conjuntural --decorrente do ambiente dos protestos que tomaram as ruas do país nas últimas semanas.

"Reconhecemos que houve uma mudança", disse Bernardo. "Reconheço que há problemas, mas vamos continuar trabalhando para reverter [a queda]".

O ministro afirmou que Dilma continuará sua interlocução com a sociedade, após passar a semana passada recebendo movimentos sociais, ativistas, sindicalistas e líderes partidários. "Está sendo organizada uma agenda", disse, para ouvir agentes econômicos e políticos.

Disse que o governo tem de ouvir e entender os pontos de reivindicação, e "dizer que não tem solução quando não tiver".

Ele defende que o governo "colocou uma agenda para o país", referindo-se aos cinco "pactos" propostos por Dilma a governadores e prefeitos. Sobre o plebiscito apontando os itens que o

Congresso deveria analisar em uma reforma política, Bernardo diz que ele é necessário devido à "magnitude" das manifestações.

QUEDA

A queda de Dilma é a maior redução de aprovação de um presidente entre uma pesquisa e outra desde o plano econômico do então presidente Fernando Collor de Mello, em 1990, quando a poupança dos brasileiros foi confiscada.

Naquela ocasião, entre março, imediatamente antes da posse, e junho, a queda foi de 35 pontos (71% para 36%).

Em relação a pesquisa anterior, o total de brasileiros que julga a gestão Dilma como ruim ou péssima foi de 9% para 25%. Numa escala de 0 a 10, a nota média da presidente caiu de 7,1 para 5,8.

Neste mês, Dilma perdeu sempre mais de 20 pontos em todas regiões do país e em todos os recortes de idade, renda e escolaridade.

O Datafolha perguntou sobre o desempenho de Dilma frente aos protestos. Para 32%, sua postura foi ótima ou boa; 38% julgaram como regular; outros 26% avaliaram como ruim ou péssima.

Após o início das manifestações, Dilma fez um pronunciamento em cadeia de TV e propôs um pacto aos governantes, que inclui um plebiscito para a reforma política. A pesquisa mostra apoio à ideia.

A avaliação positiva da gestão econômica caiu de 49% para 27%. A expectativa de que a inflação vai aumentar continua em alta. Foi de 51% para 54%. Para 44% o desemprego vai crescer, ante 36% na pesquisa anterior. E para 38%, o poder de compra do salário vai cair --antes eram 27%.

Os atuais 30% de aprovação de Dilma coincidem, dentro da margem de erro, com o pior índice do ex-presidente Lula. Em dezembro de 2005, ano do escândalo do mensalão, ele tinha 28%.
Com Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a pior fase foi em setembro de 1999, com 13%.

O Datafolha ouviu, em dois dias, 4.717 pessoas em 196 municípios. A margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos


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