Folha de S. Paulo


Discurso de Dilma foi 'orientado por profissionais do marketing', critica Marina

A ex-senadora Marina Silva (da Rede, partido em formação) criticou nesta terça-feira (25) a reação da presidente Dilma Rousseff às manifestações populares que acontecem em todo o país nas últimas semanas.

Em pronunciamento à nação na última sexta-feira (21), Dilma afirmou estar aberta ao diálogo e disse que convidaria representantes de manifestantes para conversar. Ontem, ela se reuniu com integrantes do MPL (Movimento Passe Livre) e anunciou um um processo constituinte específico para a reforma política.

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Para Marina, a atitude de Dilma baseou-se em um "um modelo reativo, tradicional". " Em primeiro lugar, na minha opinião, [Dilma fez] um discurso orientado por profissionais do marketing, que não surtiu efeito. Depois, uma tentativa de dar resposta, aí sim, (...) mas em uma reunião anunciando aos governadores o que já havia sido decidido, (...) sem conversar com os diferentes setores da sociedade", disse Marina após encontro com congressistas que apoiam sua legenda.

A ex-ministra do Meio Ambiente disse ainda que agenda política precisa ser "feita com todos aqueles que querem assumir posição".

ATÔNITOS

Marina reconheceu, no entanto, que a classe política foi incapaz de prever a magnitude do movimento. "Todos os políticos, mesmo eu que dizia que ia transbordar, estamos atônitos com o que aconteceu. É muito maior do que eu podia imaginar."

Marina repetiu que o momento é de "olhar de baixo para a cima" e que não é hora de partidos ou outras entidades tentarem assumir a liderança do movimento. "Esse não é o momento de capitalizar. Capitalizar agora é não ter entendido nada."

CONSTITUINTE

A ex-senadora não se colocou contrária à ideia de um processo constituinte específico para a reforma política. "Se houver um respaldo constitucional, é uma forma para restaurar [a política nacional]."

Ela ponderou, no entanto, que se as mudanças forem propostas pelos partidos que hoje estão no poder, sem participação maior da sociedade, "será mais do mesmo".

"Se a reforma política for feita apenas com participação de deputados e senadores eleitos por partidos verticalizados, vai ser mais do mesmo", criticou.


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