Folha de S. Paulo


Presidência é 'despreparada' no tema transporte, diz Passe Livre

Integrantes do Movimento Passe Livre saíram da reunião com a presidente Dilma Rousseff, nesta segunda-feira (24), classificando a Presidência de "despreparada" para lidar com o tema do transporte público.

"Não ficamos satisfeitos, foi uma abertura de diálogo importante, mas vimos a Presidência completamente despreparada. Não apresentaram uma pauta concreta para mudar a realidade do transporte no país", afirmou Marcelo Hotimsky.

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Além de Marcelo, outros três integrantes do movimento viajaram de São Paulo a Brasília a convite da Presidência da República. Segundo o grupo, o convite foi feito no sábado diretamente pelo ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral). Outros dois integrantes do Movimento Passe Livre do Distrito Federal participaram do encontro.

Dilma não apresentou ao grupo as medidas que apresentaria na sequência, durante encontro com os governadores e prefeitos.

"Esperamos avanços concretos e que a tarifa seja reduzida, continuamos na luta pela tarifa zero. A presidente não se comprometeu com nada. Estamos no aguardo do discurso dela. Esperamos medidas concretas das três esferas", disse Mayara Vivian.

Segundo o movimento, ela se mostrou receptiva à PEC 90 (que lista o transporte como direito social).

"Ela falou explicitamente que considera o transporte como um direito social. Na nossa leitura é o que diz a PEC. Diálogo é um passo importante, mas sem passos concretos não existe avanço", disse Mayara.

O ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades), que participou da reunião, afirmou que o governo continuará realizando reuniões com o movimento.

Segundo ele, o principal pleito levado à presidente Dilma foi a questão da tarifa zero para o transporte público urbano. Algo que, disse o ministro, deverá ser tratado "num horizonte de maior discussão".

O ministro relatou ter apresentado aos representantes do grupo os últimos investimentos do governo federal na área de mobilidade urbana. Disse que, ao todo, o governo liberou R$ 88,9 bilhões para o setor, dentre os quais R$ 30 bilhões já foram contratados.

"Mas não estamos falando aqui de futuro. Estamos falando aqui de presente, daquilo que já está em andamento", disse o ministro. "Essa discussão [sobre tarifa zero] se dará num segundo momento", afirmou.

Disse, contudo, que qualquer futura medida seria anunciada com o aval dos prefeitos e dos governadores, que estão neste momento reunidos com a presidente no Palácio do Planalto para discutirem medidas em reação às manifestações recentes pelo país.

Ele reconheceu ainda que o "serviço público precisa evidentemente melhorar" e que a presidente, junto com os ministros, instituirão um fórum permanente de debates sobre o tema. (TAI NALON, JOHANNA NUBLAT, BRENO COSTA, MÁRCIO FALCÃO, CÁTIA SEABRA)


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