Folha de S. Paulo


Coordenadora nega crise na Comissão da Verdade

A coordenadora da Comissão Nacional da Verdade, Rosa Cardoso da Cunha, reconheceu que há divergências internas no colegiado, mas afirma que elas ajudam o grupo a avançar.

"A democracia é um regime que entende a diferença, a discussão e a divergência como elementos geradores de avanços teóricos e políticos", disse em entrevista à Folha.

Rosa procurou minimizar a crise que culminou na renúncia do ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles do colegiado.

Na segunda-feira, Fonteles anunciou que deixará seu cargo na comissão, que investiga violações de direitos humanos ocorridas de 1946 a 1988.

Membros do grupo afirmaram à Folha que havia uma insatisfação de Fonteles com a resistência de parte do colegiado em trocar o secretário-executivo, Pedro Pontual, pelo diplomata André Saboia, a pedido de Rosa.

Há meses, o trabalho da comissão é marcado por divisões internas, com Paulo Sérgio Pinheiro de um lado, e Cláudio Fonteles e Rosa Cardoso de outro.

As divergências chegaram a gerar insatisfação da presidente Dilma Rousseff. Rosa disse desconhecer as reclamações e afirmou: "as boas críticas devem ser a nossa energia", em uma paródia ao bordão da Petrobras.

Com relação às críticas de falta de transparência feitas pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, Rosa disse que vai solicitar que depoimentos prestados à comissão sejam divulgados no site do grupo.

Ela afirmou ainda que será difícil para o colegiado assumir as atividades que eram desenvolvidas por Fonteles.

O ex-procurador-geral coordenava pesquisas sobre mortos e desaparecidos e o estado ditatorial militar a partir de pesquisas no Arquivo Nacional, em Brasília.

A coordenadora não descartou, contudo, que o grupo conseguirá concluir, até o fim do próximo ano, a narrativa pormenorizada das violações de direitos humanos ocorridas na ditadura militar.

'CURA GAY'

Rosa Cardoso também comentou a aprovação nesta semana de projeto que permite a psicólogos realizar tratamento para homossexuais.

O texto foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, presidida pelo deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP).

"Acho que o pastor, no mínimo, não é uma pessoa contemporânea dos séculos 20 e 21. Mas é possível que, utilizando os serviços dos psicólogos mencionados, possa conquistar mais adequação social."


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