Folha de S. Paulo


Renan Calheiros critica vandalismo e uso da violência em protestos pelo país

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), criticou nesta quarta-feira (19) o vandalismo e uso da violência em manifestações que se espalham pelo país. Apesar de afirmar que é favorável aos protestos, Renan disse que o "país não quer" ações de violência por parte dos manifestantes.

"Nós achamos que as manifestações são legítimas e apoiaremos as manifestações na forma como for possível apoiar, trabalhando, torcendo para que ela não descambe para a violência, não é isso que o país quer. Mas as manifestações são legítimas", afirmou.

Segundo Renan, o país deve tirar como "lição" dos protestos a "humildade" para interpretar o que a população deseja. "Eu acho que a fundamental lição dessas manifestações é a humildade. Nós precisamos ter muita humildade, recolher todos os sentimentos e do ponto de vista das responsabilidades, fazer o que couber a cada Poder", disse.

Renan mudou o tom do discurso depois que manifestantes, em São Paulo, depredaram lojas, bancos e tentaram invadir a prefeitura da capital. Ontem, o presidente do Senado havia afirmado que para "excesso de democracia, mais democracia" --e que não pretende determinar o uso da força para conter eventuais manifestações que tentem invadir as dependências do Congresso.

Na segunda-feira (17), manifestantes ocuparam as cúpulas da Câmara e do Senado, além da chapelaria do Congresso --entrada por onde os parlamentares chegam à sede do Legislativo. A polícia acompanhou o protesto, mas não usou mecanismos para dispersar o grupo, que deixou o local após mais de seis horas de ocupação.

Pedro Ladeira/Folhapress
Uma parte dos manifestantes ocupa a rampa do Congresso Nacional e uma das cúpulas (no teto) do prédio
Uma parte dos manifestantes ocupa a rampa do Congresso Nacional e uma das cúpulas (no teto) do prédio

Em São Paulo, pelo menos 63 pessoas foram detidas depois dos protestos violentos da noite de ontem. O ato começou na praça da Sé e passou pela avenida Paulista, rua da Consolação, entre outras. Já os saques se concentraram nas ruas São Bento e Direita. Foram quebradas vitrines e manequins, lançados contra outras lojas e agências bancárias. Pessoas foram vistas carregando eletrodomésticos de lojas invadidas.

Também houve depredação de uma agência do Itaú e de uma base da Polícia Militar. Um carro da Record também foi depredado e incendiado na região da prefeitura.

Cerca de 50 mil pessoas, segundo o Datafolha, iniciaram o ato de forma pacífica. Os manifestantes, no entanto tentaram invadir a Prefeitura de São Paulo e depois promoveram uma série de saques e depredações. A polícia chegou a usar bombas de gás lacrimogêneo no viaduto do Chá e na rua Augusta.

Esse é foi o sexto protesto promovido contra o aumento das passagens de transporte público. Os primeiros atos foram marcados por confrontos entre policiais e manifestantes. O protesto mais violento ocorreu na última quinta-feira (13), quando cerca de cem pessoas ficaram feridas e mais de 200 foram detidas.

A manifestação com maior número de pessoas, no entanto, ocorreu na segunda-feira (17), quando reuniu cerca de 65 mil, segundo o Datafolha. O ato ocorreu de forma pacífica na maior parte do tempo, tendo ocorrido tumulto apenas na frente do Palácio dos Bandeirantes, já no fim da noite. Não houve, porém, feridos ou detidos.


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