Folha de S. Paulo


Senado convida presidente da Caixa para explicar boato do Bolsa Família

O presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, será convidado a explicar no Senado a antecipação de pagamentos do Bolsa Família e o boato que levou milhares de brasileiros a tentar sacar o benefício em maio.

A Comissão de Fiscalização e Controle do Senado aprovou nesta terça-feira (11) convite a Hereda, mas o presidente do banco não é obrigado a comparecer para falar aos senadores. Apenas quando autoridades são convocadas a falar a presença é obrigatória.

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O convite é de autoria dos senadores Aloysio Nunes Ferreira (SP), líder do PSDB no Senado, e Álvaro Dias (PSDB-PR). Ainda não há data marcada para a audiência com o presidente da Caixa, caso ele aceite o pedido dos senadores.

A oposição quer explicações de Hereda porque considera que as justificativas apresentadas oficialmente pela Caixa não são suficientes para deixar claro o que efetivamente ocorreu no episódio.

Senadores oposicionistas atribuem ao erro do banco a responsabilidade sobre a disseminação dos boatos de que o programa seria encerrado pelo governo --o que levou milhares de pessoas a agências da Caixa para tentar sacar os benefícios.

"A Caixa liberou todos os benefícios na sexta-feira, véspera da disseminação do boato. A medida alterou sem aviso prévio o calendário do pagamento. Propomos que o senhor Jorge Hereda compareça à comissão para prestar os devidos esclarecimentos sobre as declarações falsas apresentadas pela diretoria da Caixa, bem como sobre as razões que levaram à alteração do calendário do pagamento", diz o requerimento dos tucanos.

A Caixa antecipou pagamentos do benefício e admitiu o erro, que pode ter originado os boatos. Hereda afirmou publicamente que o banco repassou informação equivocada sobre a liberação de todos os pagamentos do Bolsa Família na véspera dos boatos.

Na ocasião, todos os benefícios, em um total de R$ 2 bilhões, foram liberados de uma só vez nas contas das 13,8 milhões famílias atendidas.

Os pagamentos são habitualmente feitos com base em um calendário previamente estipulado, que prevê o pagamento em um dia determinado por mês de forma escalonada. Os boatos, entre eles sobre o fim do programa, levaram milhares de pessoas a caixas eletrônicos no fim de semana dos dias 18 e 19 de maio, causando confusões e filas em 13 Estados.

O presidente da instituição disse que soube que as liberações foram anteriores aos boatos dois dias depois da corrida às agências para sacar o benefício.

Segundo o governo, essa decisão, apesar de envolver a disponibilização de R$ 2 bilhões e a alteração do principal programa social do país, foi tomada de maneira independente por um grupo de técnicos, sem conhecimento da cúpula dos órgãos. Não foi informada a norma que possibilita a esses funcionários ter essa autonomia.


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