Folha de S. Paulo


Governo negocia saída de grupo de índios que invadiu sede da Funai em Brasília

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) disse nesta terça-feira (11) que o governo está em negociação com o grupo de cerca de 150 índios que ocupou ontem a sede da Funai (Fundação Nacional do Índio), em Brasília, para que eles deixem o prédio.

Segundo ele, a expectativa é que o grupo desocupe o local amanhã de manhã. Caso isso não ocorra, ele disse que o governo terá que entrar na Justiça com um pedido de reintegração de posse.

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"Cabe a nós dialogar para que eles deixem o prédio. Caso não deixem, cabe a nós entrar com um pedido de reintegração de posse. Quando você está no governo você tem que zelar pela legalidade, pela institucionalidade. Nós vamos sempre nessa linha, e sempre apostando que o bom senso e o diálogo prevaleçam e a gente consiga de fato, mas uma vez, uma saída negociada", disse o ministro.

Pedro Ladeira/Folhapress
Índios de várias etnias invadiram o prédio da Funai em Brasília na segunda-feira (10) e exigem ser atendidos pelo governo federal
Índios de várias etnias invadiram o prédio da Funai em Brasília na segunda-feira (10) e exigem ser atendidos pelo governo federal

O grupo é composto por indígenas de quatro etnias (arara, xipaia, caiapó e mundurucu) prejudicadas pelas hidrelétricas de Belo Monte e do rio Tapajós, no Pará. Eles ocuparam o prédio ontem em protesto por não terem sido recebidos em conjunto por Carvalho.

O Ministro disse que o combinado era se reunir com apenas dez representantes do grupo ontem para recebimento de um documento. Ele afirmou que esperou pelos indígenas por mais de uma hora na manhã de ontem e que não era possível se encontras com o grupo inteiro devido a uma viagem já agendada para o Rio de Janeiro. Na semana passada, Carvalho havia se reunido com o grupo todo, por quatro horas e meia.

"Nós insistiremos teimosamente nesse diálogo. Se não houver diálogo, a responsabilidade não será do governo, será de quem se negar ao dialogo", afirmou.

Carvalho afirmou que o governo está comprometido a realizar as obras no Pará de acordo com a convenção 169, da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que determina que os povos afetados pela construção sejam consultados e tenham seus direitos preservados.

"O Brasil não pode parar, o Brasil não vai parar, mas nossos empreendimentos querem deixar uma herança de vida, de melhoria de vida das pessoas, e não de morte ou de destruição de culturas", ressaltou.


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