Folha de S. Paulo


Força Nacional começa a atuar em região de conflito

Com o objetivo de criar uma barreira entre terenas e fazendeiros, dezenas de homens da Força Nacional de Segurança chegaram ontem a Sidrolândia (70 km de Campo Grande) para tentar acalmar a disputa de terras que deixou um índio morto e outro ferido nos últimos dias.

A partir desta madrugada, eles se posicionarão no entorno de fazendas recentemente tomadas pelos terenas da aldeia Buriti, que têm 2.090 hectares, mas reivindicam 17 mil hectares.
A atuação da Força de Segurança é vista com desconfiança em ambos os lados.

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Dono de uma fazenda 3.480 hectares dentro da área reivindicada, o fazendeiro Aroldo Corrêa diz que não conta com a polícia para impedir uma eventual entrada dos terenas.

"Essa força nacional é para os índios, e não para a gente. Para eles, toda a segurança, para nós, que pagamos impostos, nada", disse o fazendeiro à Folha.

Na sede de sua fazenda, havia um grupo de seis proprietários rurais para prestar apoio _alguns dormiriam em seus carros para ajudar na vigilância.

Questionado se estava armado, Corrêa disse que "sempre tive arma de forma regularizada" e que na região "todo mundo tem".

Já o coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Flávio Machado, afirma que os índios desconfiam da Força Nacional porque as ações serão coordenadas pela PM local. "E o governador [André Puccinelli, PMDB] já declarou publicamente que tem um lado, o dos fazendeiros."

Produtores rurais e lideranças indígenas apoiadas pelos sem-terra convocaram manifestações em Campo Grande, ambas marcadas para hoje pela manhã.


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