Folha de S. Paulo


Índios fecham estradas no Rio Grande do Sul

Quatro rodovias do interior do Rio Grande do Sul ficaram bloqueadas nesta segunda-feira (3) devido a protestos de integrantes de comunidades indígenas do Estado.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, um motorista que tentou atravessar uma manifestação na BR-285, no norte gaúcho, acabou agredido e teve o carro danificado pelos índios.

Em protesto contra Gleisi, índios invadem sede do PT no Paraná

Cerca de 50 indígenas permanecem na pista e permitem a passagem de veículos apenas a cada 30 minutos.

Eles questionam a medida do governo federal que suspendeu processos de demarcações de terras indígenas no Rio Grande do Sul por tempo indeterminado.

Segundo o governo, a medida foi tomada para reavaliar estudos sobre o assunto e para amenizar a tensão entre índios e proprietários rurais.

Outros dois bloqueios continuam durante esta tarde em rodovias estaduais gaúchas. Em Cacique Doble (a 336 km de Porto Alegre), membros de uma comunidade indígena fecharam a ERS-443.

Na região de São Valentim (a 396 km da capital), cerca de 300 índios de duas cidades próximas interditaram a rodovia RSC-480 e só permitem o trânsito de automóveis a cada duas horas.

De acordo com o Comando Rodoviário do Estado, também no norte gaúcho houve protesto na estrada RS-324 pela manhã, mas o tráfego já foi liberado.

ARTICULAÇÃO

Uma entidade chamada ArpinSul (Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul), que reúne caciques dessa parte do país, ajudou a mobilizar os protestos no Rio Grande do Sul e no Paraná, onde houve uma invasão na sede do PT em Curitiba.

O cacique Deoclides de Paula, de uma comunidade indígena da cidade gaúcha de Faxinalzinho, diz que a mobilização foi articulada também para questionar a proposta que transfere para o Congresso a atribuição de autorizar a criação de novas terras indígenas.

Deoclides de Paula diz que a relação com o governo ficou abalada após declarações da ministra Gleisi Hoffmann, de que os processos atuais de demarcação possuem falhas, e que se trata de um "desrespeito" à Constituição congelar os processos. Os índios pedem uma audiência com o governo para debater o assunto. (FELIPE BÄCHTOLD)


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