Folha de S. Paulo


Em protesto contra Gleisi, índios invadem sede do PT no Paraná

Cerca de 30 índios da etnia caingangue invadiram a sede do PT do Paraná, em Curitiba, na manhã desta segunda-feira (3), em protesto contra a lentidão na demarcação de reservas indígenas pelo governo federal.

O grupo estendeu uma faixa criticando a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), que no início de maio anunciou a suspensão dos processos demarcatórios no Paraná: "Gleisi discursa favorável ao agronegócio e contra os povos indígenas".

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A ministra, principal nome para disputar o governo do Paraná pelo PT em 2014, quer que outros órgãos do governo federal, além da Funai (Fundação Nacional do Índio), participem das decisões sobre as terras indígenas.

Estelita Hass Carazzai/Folhapress
Índios invadem sede do PT em Curitiba e estendem faixa de protesto conta a ministra Gleisi Hoffman (Casa Civil)
Índios invadem sede do PT em Curitiba e estendem faixa de protesto conta a ministra Gleisi Hoffman (Casa Civil)

Hoje, a atribuição de identificar e demarcar essas áreas cabe exclusivamente à Funai, o que vem gerando conflitos entre fazendeiros e índios --no caso do Paraná, especialmente na região oeste.

"A ministra tem interesse eleitoral, sim. Isso [a suspensão das demarcações no Paraná] favorece o agronegócio, e hoje quem banca campanha de candidato é ruralista", afirmou à Folha o cacique Romancil Cretã, 40.

PAUTA

O grupo de caingangues, que veio da terra indígena Mangueirinha (no sudoeste do Paraná), reivindica uma reunião com os ministérios da Casa Civil e Justiça para que os processos demarcatórios voltem a ser realizados no Estado.

"Nós queremos que o governo federal volte atrás nesse discurso. Porque isso vai provocar conflitos", disse Cretã. "Se morrer mais índio, com certeza quem vai sair perdendo são os índios."

A invasão começou às 8h e foi pacífica. Não houve resistência dos funcionários do PT.

Os índios permaneceram no local até as 16h, depois que dirigentes do PT conseguiram agendar uma reunião do grupo com a
ministra Gleisi na Casa Civil, em Brasília, para o dia 11 de junho.

Eles voltaram a Mangueirinha hoje, mas prometem novos protestos para os próximos dias. (ESTELITA HASS CARAZZAI)


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