Folha de S. Paulo


Corpo de índio morto em conflito com PF passará por necropsia

O corpo do índio terena morto na última quinta-feira (30) durante confronto com as polícias Federal e Militar em Sidrolândia (72 km de Campo Grande) passará por perícia a pedido do Ministério Público Federal.

De acordo com a Procuradoria, a necropsia será realizada nesta tarde deste sábado (1º), por legistas de Brasília. Um dos peritos é ligado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

A Procuradoria diz que o corpo do índio Oziel Gabriel, 35, não passou por necropsia e foi liberado após exame simples realizado por uma funerária. Com isso, nem o calibre da arma que o atingiu foi identificado.

O confronto ocorreu durante cumprimento de ordem judicial de reintegração de posse da fazenda Buriti, comandada pela Polícia Federal e com apoio da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul.

A PF afirmou que os agentes foram orientados a usar apenas armas não letais na ação, mas cada policial portava uma arma de fogo. A PM disse que usou apenas armas não letais (balas de borracha). Os índios também negam que tenham usados armas de fogo.

A perícia será feita no Instituto Médico e Odontológico Legal (Imol) de Campo Grande.

Também nesta tarde (1º), acontece no Tribunal de Justiça da capital uma reunião comandada por representante do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para ouvir líderes indígenas e fazendeiros e tentar buscar soluções para o conflito.

Um dia após a desocupação conflituosa na quinta-feira (30), índios terena voltaram a invadir a fazenda Buriti e permanecem no local, elevando o clima de tensão na região. Também houve invasão a uma outra fazenda, em Aquidauana (139 km de Campo Grande).

A área da fazenda Buriti, palco do conflito de quinta-feira, está em processo intermediário de demarcação como terra indígena, e é disputada entre os terenas e o produtor rural e ex-deputado estadual Ricardo Bacha, que afirma que a terra pertence à sua família desde 1927.

De acordo com a Procuradoria, informações sobre o andamento da reunião estão sendo transmitidas ao ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ.

Participam também representantes do MPF, Funai (Fundação Nacional do Índio) e Tribunal de Justiça do Estado.

Segundo o MPF em MS, o governo federal não enviou representante.

"AMEAÇAS À VIDA"

Em nota, a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS) manifestou preocupação diante dos conflitos fundiários recentes no Estado envolvendo índios.

"Solicitamos o apoio de tropas federais para garantir a ordem, no momento em que há ameaças à vida e risco de depredação das propriedades privadas", afirmou o presidente da entidade, Eduardo Riedel.


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