Folha de S. Paulo


Governo considera Orçamento impositivo inconstitucional, diz ministra

A ministra Miriam Belchior (Planejamento) disse nesta terça-feira que seria inconstitucional tornar obrigatória a liberação das emendas parlamentares incluídas no Orçamento federal.

Diante da insatisfação de muitos parlamentares com o contingenciamento desses recursos pelo governo, está em discussão no Congresso uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) objetivo de tornar obrigatória a liberação desses recursos.

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"Nós temos uma avaliação de que [o Orçamento impositivo] fere uma das cláusulas pétreas da Constituição, que é a separação de Poderes", disse Belchior, em referência ao princípio constitucional que prevê um equilíbrio entre as forças entre Executivo, Legislativo e Judiciário.

Sérgio Lima/Folhapress
Ministra Miriam Belchior durante audiência na Câmara
Ministra Miriam Belchior durante audiência na Câmara

As emendas parlamentares destinam verbas, geralmente, a pequenas obras nos redutos eleitorais dos congressistas. Atualmente, a liberação do dinheiro não é obrigatória, o que leva o Executivo a frequentemente usar esse mecanismo como moeda de troca em votações de seu interesse.

Durante sessão na Comissão Mista de Orçamento, Belchior argumentou que o governo tem expandido o pagamento de emendas.

Segundo ela, desde 2002, o valor das "emendas individuais aumentou quatro vezes o que aumentou a receita administrada do governo federal".

A ministra destacou que hoje 88,4% do Orçamento federal é de despesas vinculadas, ou seja, recursos destinados obrigatoriamente para gastos pré-definidos.

"Uma questão que nos preocupa de uma maneira especial é, num Orçamento que já tem 88,4% de vinculações, gerar engessamento ainda maior do Orçamento, que não permita ajustes quando os ajustes são necessários", disse.


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