Folha de S. Paulo


'Continuo fazendo', diz Lula sobre promoção de empresas no exterior

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (22) que não cobrará "um centavo de ninguém" para promover a presença de empresas brasileiras no exterior.

O petista argumentou que a promoção foi feita por ele enquanto era presidente do país e que continua fazendo após deixar o Palácio do Planalto.

Em março, a Folha revelou que, desde que deixou o poder até o ano passado, Lula fez 13 viagens pagas por empreiteiras a países da África e da América do Sul, onde essas empresas têm interesses.

Empreiteiras pagaram quase metade das viagens de Lula ao exterior
Lula levou diretor da Odebrecht em viagem oficial à África
Folha Transparência: Veja os telegramas sobre as viagens de Lula

"Cada um [quer] vender o seu peixe. E esse é o papel que o Brasil tem que jogar, ninguém vai dar colher de chá para o Brasil. Nenhuma empresa vai participar de licitação no mundo e vai dizer: eu já ganhei uma, agora vamos deixar vir uma brasileira?", disse para uma plateia de diplomatas e empresários estrangeiros e brasileiros.

"É importante a gente ter claro do meu orgulho de estar aqui. Porque eu fazia [defesa das empresas] antes de ser presidente, fiz durante e continuo fazendo", afirmou. A política externa de seu governo foi elogiada pelos empresários que discursaram no evento.

"O senhor deve continuar indo à África. Quem pode continuar fazendo esse estreitamento é o senhor", disse Rodolpho Tourinho Neto, presidente executivo do Sinicon (Sindicato Nacional da Indústria de Construção Pesada). "Nós achamos que o senhor deve continuar esse trabalho na África. Não é nós, o sindicato, é o Brasil, presidente", afirmou.

Lula encerra seminário sobre as relações comerciais entre Brasil e África, realizado em Brasília.

EMPREITEIRAS

Em março deste ano, o ex-presidente fez novo giro pelo continente africano, patrocinado pelas construtoras Odebrecht, OAS e Camargo Corrêa.

As três empreiteiras, ao lado da Andrade Gutierrez, são as patrocinadoras do seminário realizado hoje em Brasília, sobre as relações entre Brasil e África.

No exterior, o ex-presidente Lula participou de encontros privados entre políticos locais e empresários brasileiros, além de prometer levar pedidos a Dilma Rousseff, segundo telegramas do Itamaraty.

O Instituto Lula não informa os valores que recebe das empresas. Estimativas do mercado sugerem que uma palestra no exterior pode render a Lula cerca de R$ 300 mil, sem contar gastos com hospedagem, comida e transporte. A assessoria do ex-presidente diz que ele trabalha para promover "interesses da nação" e não das empresas que bancam suas atividades.

As empresas negam ter pago as viagens de Lula para que ele defendesse seus interesses.


Endereço da página:

Links no texto: