Folha de S. Paulo


'Eduardo Campos me disse que será candidato', afirma FHC

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou nesta segunda-feira (20) que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), lhe disse "há um mês" que será candidato à Presidência da República.

O tucano participou de uma palestra sobre "caminhos para o crescimento do Brasil" promovida pela agência Thomson Reuters em São Paulo. Ao responder sobre o cenário eleitoral para 2014, FHC destacou "a emergência de um candidato que sai do bloco do poder, que é o governador de Pernambuco".

Karime Xavier/Folhapress
Fernando Henrique Cardoso durante palestra para executivos em São Paulo
Fernando Henrique Cardoso durante palestra para executivos

O PSB, partido presidido por Campos, integra a base de apoio do governo Dilma Rousseff. O pernambucano, no entanto, tem feito críticas à gestão petista e ensaia disputar o Planalto no próximo ano.

O apresentador da palestra perguntou a FHC se Campos realmente será candidato. "Disse a mim que sim. Entre dizer e fazer, depende das circunstâncias", respondeu o tucano, que afirmou que a conversa ocorreu "há um mês, mais ou menos."

O ex-presidente disse que o socialista é um governante bem avaliado e "tem visão" e que estaria disposto a concorrer apostando que a aprovação popular a Dilma possa cair até a eleição.

"Ele também acha, como eu acho, que essa coisa de 80%, 70%, 60% [de aprovação] é tudo uma ilusão. Voto se dá no dia da eleição. E você teve o voto naquele dia. No dia seguinte, já não tem mais nada", declarou FHC.

O tucano exaltou o resgate de seu legado e a defesa das privatizações feitos pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) na eleição em que o mineiro, que deve disputar o Planalto em 2014, foi eleito para presidir a legenda.

Citando o discurso do correligionário no evento partidário, no último sábado, respondeu a uma pergunta do mediador sobre o que os investidores, especialmente estrangeiros, podem esperar de um eventual governo Aécio.

"Ele acha primeiro que é preciso voltar a ter coragem de fazer o que tem que ser feito, inclusive na área de privatizações. [Acha] que a centralização em Brasília está prejudicando o país e que tem que ser um governo que esteja alinhado diretamente às experiências das pessoas. De alguma maneira, ele quis mostrar que chegou a hora de reatar com o que o PSDB fez no passado."

FHC afirmou que ajudará a articular a candidatura de Aécio, mas não pretende ir para a linha de frente. "Não vou aparecer na campanha. Campanha quem faz é o candidato."

O tucano disse que a eleição de 2014 não será uma disputa dele contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal cabo eleitoral de Dilma Rousseff, e ironizou o petista.

"O Lula tem essa mania [de comparar os governos do PT e do PSDB] porque ele perdeu duas vezes para mim. Ele não perdoa isso. Já foi, eu já estou na história. Chega", afirmou FHC, arrancando risos e aplausos da plateia.


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