Folha de S. Paulo


Senador do PSDB reage às críticas de Barbosa ao Congresso

Líder do PSDB, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) rebateu nesta segunda-feira (20) as críticas do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa, à atuação dos partidos, deputados e senadores.

Em uma palestra para estudantes universitários, o presidente do STF afirmou que os partidos políticos são de "mentirinha" e que o Congresso Nacional é "ineficiente" e "inteiramente dominado pelo Poder Executivo".

'Nós temos partidos de mentirinha', diz Barbosa em crítica ao Congresso

Alan Marques/Folhapress
Senador Aloysio Nunes Ferreira
Senador Aloysio Nunes Ferreira

Aloysio Nunes negou que o seu partido seja de "mentirinha". "O meu partido é de verdade. O PSDB é forte, fez bons governos, a gestão Fernando Henrique Cardoso mudou o país. Quem se dobra ao governo é a situação, não é o Congresso como um todo", reagiu.

Outros congressistas reagiram às críticas de Barbosa. O vice-presidente do Congresso e presidente da Câmara em exercício, o deputado André Vargas (PT-PR) chamou de "absurdas" as críticas do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, feitas nesta segunda-feira (20) à atuação de deputados e senadores.

Segundo o petista, Barbosa revelou que "não está à altura do cargo", que "tem pouco apreço pela democracia". O deputado disse ainda que o ministro do STF "aposta" em uma crise com o Legislativo e tem um "viés autoritário".

"Esse comportamento para presidente de um Poder é irresponsável. Ele não está preparado para o cargo. Ele está apostando em uma crise [com o Legislativo], enquanto nós acreditamos numa convivência saudável, responsável e harmoniosa", disse o petista à Folha.

Para Vargas, Barbosa quer ser o "alter ego" e tutelar o Congresso. O petista afirmou ainda que a atuação do presidente do STF, que ganhou notoriedade durante o julgamento do mensalão que condenou políticos por um esquema de corrupção no governo Lula, indica que ele pode seguir o caminho da política. Barbosa nega essa intenção.

"Nós não somos nomeados, nós passamos pelo voto. Ele está se comportando politicamente. Será que não está preparando um caminho? É uma dúvida", disse o deputado.

Vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC) afirmou que as críticas de Barbosa não contribuem para que o Legislativo melhore sua atuação. "Seria importante para o país que quem dirige uma instituição ajude a fortalecer a outra. Isso não está ocorrendo. Para os que dirigem os Poderes, o melhor é encontrar maneiras de cada um cuidar do seu", rebateu o petista.

Segundo Viana, as críticas de Barbosa não contribuem para que os dois Poderes encerrem a crise deflagrada nas últimas semanas. "Não vamos resolver isso ampliando o confronto de um Poder contra o outro. Não ajuda em nada no enfrentamento dos problemas", afirmou.

Nos últimos meses, Judiciário e Legislativo protagonizaram diversos embates.
O mais recente ocorreu após a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovar uma proposta que submete algumas decisões do Supremo ao Congresso.

No mesmo dia, o ministro Gilmar Mendes, do STF, deu um despacho suspendendo a análise no Senado de um projeto que inibe a criação de partidos.

Após troca de farpas e o caso ganhar contornos de crise, o comando do Congresso e ministros do STF ensaiaram uma trégua --que hoje foi novamente quebrada após as declarações do ministro.

Os presidentes da Câmara e do Senado, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e Renan Calheiros (PMDB-AL), não se manifestaram ainda sobre as críticas de Barbosa porque estão viajando. Alves está nos Estados Unidos participando de compromissos oficiais, enquanto Renan acompanha a presidente Dilma Rousseff em viagem a Pernambuco.

CRÍTICAS

Barbosa afirmou nesta segunda-feira que o Congresso Nacional é "ineficiente" e "inteiramente dominado pelo Poder Executivo".

As declarações foram feitas durante uma palestra proferida no IESB (Instituto de Educação Superior de Brasília), instituição da qual é professor.

"Nós temos partidos de mentirinha. Nós não nos identificamos com os partidos que nos representam no Congresso, a não ser em casos excepcionais. Eu diria que o grosso dos brasileiros não vê consistência ideológica e programática em nenhum dos partidos", afirmou.

Barbosa também disse que o Congresso "não foi criado para única e exclusivamente deliberar sobre o Poder Executivo" e que "cabe a ele a iniciativa da lei".


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