Folha de S. Paulo


Por MP dos Portos, governistas deflagram "operação despertador" para acordar deputados

Após mais de 33 horas de votação, o governo deflagrou na madrugada desta quinta-feira (16) uma espécie de "operação despertador" para acordar parlamentares na tentativa de concluir a votação da Medida Provisória dos Portos.

A Câmara já terminou a votação das propostas de mudanças no texto, mas ainda não conseguiu aprovar a redação final por falta de quorum.

A base governista abandonou a sessão por acreditar que a situação estava resolvida após entendimento do Planalto com o PMDB. O governo enfrenta manobras regimentais da oposição que tenta derrubar a sessão para impedir que o texto seja enviado para o Senado. A matéria perde a validade à meia noite de hoje. São necessários 257 deputados para retomar a votação.

Para garantir a votação, os líderes começaram a disparar telefonemas e cobrar o retorno para o registro de presença. O deputado Bernardo de Vasconcelos Moreira (PR-MG) chegou ao Congresso reclamando. "Já estava dormindo", disse. "Isso é trabalho escravo. Ontem ficamos até as 5h da manhã. Hoje, são mais de 10 horas", completou.

O deputado Carlos Eduardo Cadoca (PSC-PE) ligou para um colega pedindo um motorista emprestado porque estava sem como se dirigir à Câmara.

João Paulo Cunha (PT-SP) ficou irritado ao ser flagrado por jornalistas no retorno. Ele registrou presença, mas permaneceu menos de cinco minutos na Casa.

Luciano Castro (PR-RR) chegou sem gravata e calça jeans. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça Décio Lima (PT-SC) disse que foi em casa tomar banho para aguentar a madrugada.

O deputado Jerônimo Goergen (PP/RS) se queixou da condução dos trabalhos pelo presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ele avalia que o presidente tinha que ser mais enérgico e suspender falas, discursos prolongados.

O peemedebista disse que está disposto a concluir a votação. "Fico até as seis horas se for preciso".

Durante a sessão, os deputados ainda disputaram uma galinhada oferecida por colega e um lugar nos sofás para assistir jogos de futebol na televisão.


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