Folha de S. Paulo


Após bate-boca, Garotinho e Caiado ensaiam trégua

Um dia após protagonizarem um embate que gerou constrangimentos na Câmara, os líderes do DEM, Ronaldo Caiado (GO), e do PR, Anthony Garotinho (RJ), ensaiaram uma trégua na tribuna da Casa.

Na terça-feira (14), durante a votação da Medida Provisória dos Portos, Caiado se irritou com um pronunciamento de Garotinho que segundo ele estaria vinculando a posição de seu partido na análise da matéria com interesses do empresário Daniel Dantas.

O líder do DEM chamou o colega de "frouxo", chefe de quadrilha", e o acusou de fazer parte de um "chiqueiro" e estar com "catinga de porcos".

Protagonista do bate-boca, Garotinho indicou que parlamentares, especialmente do PMDB, estavam negociando mudanças na medida provisória de forma nada republicana para atender interesses econômicos, transformando o texto na "MP dos Porcos".

Hoje, o líder do PR reagiu e colocou a disposição seu sigilo bancário e fiscal para ser investigado na Casa.

"Com o meu sigilo, prove as palavras que disse ontem aqui. Se achar que estava numa noite infeliz, se arrepender, pode se desculpar", afirmou. "Não vou levar para casa o que não sou", completou.

Ele deixou Caiado livre para pedir desculpas. "Não quero que o meu nome seja atacado sem prova. Se vossa excelência conseguir provar, terá todo direito de fazer o que quiser. Se não provar, que tenha humildade de usar a tribuna e pedir desculpas".

De forma cordial, o líder do DEM tentou explicar suas motivações para o ataque. Disse que agiu para defender a honra de sua bancada.

Ele cobrou uma mudança de estilo de Garotinho nos debates. "Jamais houve um incidente como ontem. Não posso deixar que pairasse no currículo de todos eles a macula a suspeição de que votaram aqui negociando os votos. ou comprado pelo senhor Daniel Dantas", afirmou. "Essa instituição não pode ser achincalhada".

Na discussão de terça, Caiado o acusou então de enriquecer desviando dinheiro público.

Garotinho retrucou: "Se (você) costuma tratar os seus porcos da maneira como tentou me tratar, vejo que além de mau parlamentar é mau pecuarista".

Em nota, a assessoria de Daniel Dantas informou que o empresário "não está por trás de qualquer articulação" envolvendo a medida provisória e que ele não tem representante ou lobista no Congresso.

A discussão da medida provisória na Câmara já dura mais de 30 horas. O governo corre contra o tempo para concluir a votação da matéria que perde a validade no fim da noite de hoje, ainda tendo que ser aprovada pelo Senado.

Editoria de arte/Folhapress

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