O coordenador da CNV (Comissão Nacional da Verdade), Paulo Sérgio Pinheiro, afirmou nesta segunda (13) que, apesar das dificuldades, o relatório final do grupo será "contundente".
"Desde o início estava claro o sem-número de dificuldades. Muitos foram os obstáculos superados. A CNV através de seu trabalho, que necessariamente será um relatório contundente, reconstituirá a veracidade", afirmou Pinheiro, em um ato que prepara um balanço de um ano de trabalho do grupo.
Ustra rebate acusações de mortes na ditadura e cita atuação de Dilma em grupo
Abertura de sessões marca nova fase de atuação da Comissão da Verdade
Sergio Lima - 10.abr.2013/Folhapress |
Paulo Sérgio Pinheiro, coordenador da comissão |
A comissão vai terminar seus trabalhos em maio do ano que vem.
Pinheiro listou como realizações do grupo as parcerias com comitês da verdade criados pela sociedade civil, a construção de um "repositório de dados", o uso de softwares para a leitura de papéis e a iniciativa de digitalizar 16 milhões de documentos.
Segundo Pinheiro, a ouvidoria da CNV já contabilizou 56 pedidos de investigação e ouviu 220 depoimentos de vítimas e testemunhas.
De acordo com o coordenador, agora será dado prioridade a depoimentos públicos de vítimas e parentes.
Na sexta-feira (10), ocorreu o primeiro ato do tipo, mas foi ouvido um participante de órgão de repressão, o coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra. A sessão acabou gerando situações tensas, bate-bocas e gritaria.
Pinheiro deixou claro que a comissão fará, ao final, um relatório que demonstre a responsabilidade de autoridades --incluindo membros do Judiciário e empresários-- nas mortes, torturas e desaparecimentos.
Segundo ele, esses responsáveis devem ser identificados --uma das polêmicas que cercam o grupo.
"Não é a 'tigrada' que por conta própria matava e torturava. Desde os altos escalões até o operador da 'maquininha', todos têm sua responsabilidade", afirmou.
"O Poder Judiciário gostosamente se integrou e coonestou essas ações. Muitos desses empresários e empresas continuam operando até hoje. Vamos tratar isso com delicadeza."
Antes dele, três ministros, José Eduardo Cardozo (Justiça), Gilberto Carvalho (Secretária-Geral da Presidência) e Maria do Rosário (Direitos Humanos) falaram. Todos reforçaram o apoio do governo de Dilma Rousseff ao grupo.
NOVA COORDENADORA
Pinheiro confirmou, como a Folha revelou, que a próxima coordenadora do grupo será a advogada Rosa Cardoso. Adepta de dar publicidade a todos atos da comissão, ela ficará no lugar de Pinheiro por três meses. A coordenação do grupo é rotatória.