A pouco mais de 18 meses para a eleição, secretários de Geraldo Alckmin (PSDB) intensificaram, a pedido do governador, suas viagens ao interior do Estado, em busca de maior visibilidade à gestão.
Em reuniões no início deste ano, o tucano, pré-candidato à reeleição, pediu que seu secretariado divulgasse as marcas de seu governo no interior --onde ele é mais forte eleitoralmente.
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A Folha teve acesso, após pedido via Lei de Acesso à Informação, às agendas de 14 secretários estaduais nos primeiros três meses do ano. Seis secretarias não informaram os dados.
Em relação ao primeiro trimestre de 2012, a quantidade de cidades de fora da região metropolitana visitadas pelos secretários saltou de 57 para 86 Ðaumento de 51%.
Oito secretários viajaram mais, quatro menos e dois não foram ao interior.
A alta é puxada pela secretária de Agricultura, Mônika Bergamaschi. No primeiro trimestre de 2012, ela esteve em 12 cidades. No mesmo período deste ano, foram 26.
A secretária e o secretário-adjunto participaram de dez cerimônias do programa de melhorias em estradas rurais "Melhor Caminho".
O programa "bombado" pela secretária foi uma das estrelas do encontro que Alckmin teve, em março, com prefeitos do Estado.
No evento, ele anunciou mais R$ 20 milhões para o "Melhor Caminho" neste ano, elevando o orçamento total a R$ 105 milhões --suficiente, segundo o governo, para fazer 130 convênios com prefeituras para obras em 920 km de estradas rurais. No ano passado, o orçamento final do programa ficou em cerca de R$ 50 milhões.
ESTRATÉGIA
O secretário de Habitação, Silvio Torres, só havia ido a uma cidade do interior no início de 2012. Neste ano, esteve em nove. Como mote das viagens, outra vitrine de Alckmin: a agência de fomento à habitação "Casa Paulista", lançada em setembro de 2011.
Torres esteve neste ano no interior em cinco atos ligados ao ªCasa Paulistaº. No ano passado, não foi a nenhum.
Outros secretários que aumentaram viagens, para compromissos variados, foram os dos Transportes, Desenvolvimento Social, Desenvolvimento Econômico, Saúde, Cultura e Saneamento.
No último dia 29, a Folha mostrou que Alckmin mudou sua estratégia de comunicação e passou a ter mais compromissos no interior em dias úteis, ocasiões em que dá entrevistas a TVs e rádios.
A reportagem também já havia relatado que os ministros petistas Alexandre Padilha (Saúde) e Aloizio Mercadante (Educação), também cotados para a disputa, têm concentrado compromissos em São Paulo. Mercadante anunciou depois que não será candidato.
O governo do Estado nega que as viagens tenham cunho eleitoral.
Por meio de assessoria de imprensa, informou que Alckmin se preocupa com o "desenvolvimento equânime do Estado" e incentiva secretários a passar "o dia todo" em regiões específicas.
A secretaria de Agricultura afirmou que o aumento "se deu em função da conclusão de obras e aprovação de novos projetos" e da meta de levar programas da pasta aos produtores rurais.
A pasta da Habitação diz que 2012 foi ano eleitoral, o que limitou as viagens de secretários.