Folha de S. Paulo


Operação no Acre termina com prisão de 15 suspeitos de fraudar licitações

A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira 15 suspeitos de fraudar licitações nas áreas de construção civil e saúde no Acre. Entre os presos estão o diretor de Análises Clínicas da Secretaria Estadual de Saúde, Tiago Viana Paiva, sobrinho do governador Tião Viana (PT), e o secretário estadual de Obras, Wolvenar Camargo Filho.

As supostas fraudes, segundo a PF, ocorreram em algumas das maiores obras do governo, como as do programa Ruas do Povo --que prevê asfaltamento de ruas de todo o Estado-- e do Hospital Regional de Brasileia --licitação que envolveu R$ 51 milhões.

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Foram presos também o diretor da Secretaria de Gestão Urbana de Rio Branco, Assurbanipal de Mesquita, servidores estaduais e empresários de sete empresas suspeitas de formar um cartel para concorrer às licitações na área da construção civil.

Por volta das 8h, após a operação ser deflagrada, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, telefonou para o governador do Acre, seu colega de partido, para comunicá-lo da operação.

Segundo Cardozo, "é praxe" comunicar altas autoridades quando as operações envolvem seus governos.

Durante a operação, batizada de G-7, a PF cumpriu 34 mandados de busca e apreensão em cinco cidades do interior do Estado.

MODUS OPERANDI

Segundo a PF, a apuração identificou um grupo de sete empresas que simulava concorrer entre si, garantindo que uma delas sempre vencesse a licitação.

Concorrentes que não integrassem a quadrilha eram eliminados ainda na fase da habilitação técnica, primeira etapa do processo licitatório.

Todas as empresas investigadas são acrianas.

Somente em seis contratos examinados, que somavam R$ 40 milhões, a PF encontrou prejuízo calculado em R$ 4 milhões para o erário. Há mais contratos em análise.

A desembargadora Denise Bonfim, que determinou a prisão preventiva dos 15 suspeitos, afirmou na decisão haver "fortes indícios" de que houve crimes. Entre as provas reunidas pela PF há uma série de escutas telefônicas.

A suposta fraude envolvendo Tiago Paiva, sobrinho do governador, foi descoberta durante as investigações das obras. Paiva teria participado do direcionamento de uma licitação para prestação de serviços médicos. A PF descobriu o caso enquanto apurava contratos de obras.

Viana e o prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre, também do PT, emitiram notas em que afirmam que apoiam as investigações, mas que é preciso aguardar as conclusões antes de culpar os servidores suspeitos.

OUTRO LADO

Odilardo Marques, advogado de Tiago Paiva, sobrinho do governador, não comentou as acusações.

A Folha não conseguiu localizar os advogados dos demais suspeitos presos.


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