Folha de S. Paulo


Juiz nega sumiço da arma que matou PC Farias e a namorada

O juiz que conduz o julgamento dos quatro seguranças acusados de envolvimento nas mortes de Paulo César Farias e de sua namorada, Suzana Marcolino, negou que a arma do crime tenha desaparecido.

"A arma do crime não está sumida, já mandei localizá-la", disse o juiz Maurício Breda na manhã desta sexta-feira (10), quinto dia do julgamento.

Arma que matou PC Farias sumiu do Fórum de Maceió, diz promotor

O revólver Rossi, calibre 38, havia sido apreendida após ser encontrada ao lado dos corpos, em 1996, na casa de praia de PC.

Ontem, o promotor do caso, Marcos Mousinho, que sustenta a tese de que PC e Suzana foram assassinados, afirmou que o revólver usado para matar os dois desapareceu do Fórum de Maceió na reforma do prédio entre 2008 e 2010.

Nesta sexta, o promotor voltou a dizer que a arma sumiu e foi então interrompido pelo juiz, que disse ter mandado localizar a arma.

A afirmação de Mousinho sobre o sumiço do revólver foi feita durante as declarações do perito Domingos Tochetto, que precisou da arma do crime para fazer uma demonstração para explicar detalhes sobre o segundo laudo.

Como a arma do crime não estava na sessão de julgamento, o juiz mandou um oficial de Justiça pegar um revólver semelhante para o perito fazer a demonstração.

Para o juiz Maurício Breda a ausência da arma durante a sessão do júri não prejudica em nada o julgamento dos quatros seguranças. Mesmo assim, deu um prazo de 48 horas para localizar o revólver. O juiz explicou que as armas em poder da Justiça são destruídas após os casos terem transitado em julgado, ou seja, quando não há mais possibilidades de recurso.

Segundo Breda, quando as armas não têm mais serventia para o processo, geralmente são levadas para o Exército e destruídas. "Mas este não é o caso da arma usada nas mortes deste crime, já que o processo ainda encontra-se em andamento", afirmou.

Por volta das 14h30 desta sexta (10), a Corregedoria do TJ informou em nota oficial que, até então, ainda não recebeu nenhuma informação de que a "arma tenha desaparecido, e consequentemente, não se encontre nas dependências do fórum".

O CASO

Tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor em 1989, PC Farias foi o articulador do esquema de corrupção no governo denunciado à época.

Segundo a Promotoria, a morte de PC foi investigada como "queima de arquivo", pois ele era acusado de sonegação de impostos e enriquecimento ilícito e poderia revelar outros envolvidos.

Os PMs Adeildo dos Santos, Reinaldo de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva são acusados de participação nas mortes ou, no mínimo, de omissão ao não evitá-las, já que eram seguranças de PC.

"A tese do suicídio de Suzana foi descartada pelos peritos", disse o promotor Marcos Mousinho, em referência às primeiras conclusões da polícia, em 1996, de que Suzana havia matado PC por ciúme e, depois, se suicidado.

Investigações posteriores mostraram que o primeiro laudo, do legista Badan Palhares, considerava Suzana mais alta do que realmente era --ponto crucial para compreender o disparo. Palhares sempre defendeu seu laudo.

Em 1999, a Folha publicou fotos que comprovaram que Suzana era mais baixa que PC.

Editoria de Arte/Folhapress

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