Folha de S. Paulo


Promotor e juiz do caso PC Farias dizem que réus combinaram depoimentos

O juiz Mauricio Breda e o promotor Marcos Mousinho disseram nesta quinta-feira (9) que os quatro réus acusados de envolvimento na morte de Paulo César Farias e sua namorada, Suzana Marcolino, combinaram previamente seus depoimentos no Fórum de Maceió.

Todos os quatro ex-seguranças negaram envolvimento nas mortes, ocorridas em 23 de junho de 1996.

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Os interrogatórios terminaram hoje, quarto dia do julgamento. O juiz estima que a sentença sairá no final da tarde desta sexta.

Defesa e acusação não fizeram perguntas aos réus durante os depoimentos.

"Eles decoraram tudo. Estavam lendo ali na sala de trás. Os oficiais viram, estão decorando há tempos. É perda de tempo perguntar alguma coisa", afirmou Mousinho.

O promotor disse que seria complicado provar essa acusação. "Mas é um fator que demonstra que eles têm de ler e reler o que vão dizer."

O juiz disse à Folha que passou a acelerar o ritmo dos interrogatórios justamente porque os réus haviam lido as respostas que dariam na sessão.

Três dos quatro ex-seguranças atribuíram as mortes a um homicídio seguido de suicídio. O último disse não saber o que aconteceu.

A tese é a adotada pela defesa, que é bancada por um dos irmãos de PC Farias, que foi o tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor em 1989.

Perícia do legista Badan Palhares aponta para a mesma tese. Um segundo laudo, aberto a pedido da Justiça, indicou que Suzana não matou PC e depois se suicidou, mas que houve um duplo homicídio.

JULGAMENTO

Os quatros estão sendo julgados desde segunda-feira (6) por homicídio por omissão, a tipificação prevista no Direito Penal para quando não é possível individualizar as condutas dos réus.

Eles teriam participado nas mortes ou, no mínimo, se omitiram ao não evitá-las, já que eram os seguranças de PC.

Os dois primeiros ouvidos foram os mais incisivos.

Enquanto Reinaldo de Lima Filho disse ter certeza do homicídio seguido de suicídio. Adeildo dos Santos afirmou que, "por tudo o que foi apurado". Ele disse não ter dúvidas de que Suzana foi a responsável pelo ocorrido na casa de praia de Guaxuma, em Maceió.

Se condenados, os acusados podem pegar até 60 anos de prisão, segundo o juiz Mauricio Breda.


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