Folha de S. Paulo


Em balanço de 100 dias, Renan lista medidas de redução de gastos

Sem anunciar cortes em benefícios concedidos aos senadores, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fez nesta quinta-feira (9) um balanço dos 100 dias de sua gestão no comando da instituição.

Renan listou as medidas de redução de gastos adotadas pela Casa desde que assumiu a presidência --todas com foco nos servidores --com o objetivo de criar a marca de "transparência e economia".

Desde que assumiu o cargo, Renan implantou uma reforma administrativa no Senado para reverter a imagem negativa por sua indicação para o cargo.

Em 2007, o peemedebista renunciou à presidência do Senado para escapar da cassação, mas voltou ao cargo eleito pelos colegas em fevereiro deste ano. O senador também responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal pelo suposto uso de notas frias para justificar o aumento de seu patrimônio.

Pedro Ladeira-07.mai.13/Folhapress
Renan Calheiros, presidente do Senado, que prometeu reduzir gastos na Casa quando assumiu
Renan Calheiros, presidente do Senado, que prometeu reduzir gastos na Casa quando assumiu

A reforma administrativa imposta por Renan pretende gerar economia de R$ 302 milhões nos dois anos da gestão.

As medidas, porém, não acabam com privilégios concedidos aos parlamentares, como gastos ilimitados com telefones celulares, assessores de check-in no Aeroporto de Brasília e garçons com salários acima de R$ 10 mil para o serviço de no cafezinho do plenário.

Renan disse que ainda não está confortável porque há "excessos, desperdícios e vícios" no Senado. No entanto, não sinalizou mudanças que atinjam os congressistas.

"Apenas as instituições que são permeáveis à crítica, aberta a revisões mantém sua credibilidade. Estamos atentos e alertas para vencer todos os desafios que apareçam em nosso futuro", afirmou.

Dez senadores saíram em defesa de Renan e das medidas de economia adotadas pelo parlamentar, inclusive o grupo que não o elegeu para o cargo --conhecido como os "independentes".

Na defesa mais enfática de Renan, o senador Jayme Campos (DEM-MT) acusou a imprensa de agir como "chupa-sangue" ao denunciar a manutenção de privilégios aos parlamentares.

"Esse pessoal está há 20, 25 anos no Senado, são funcionários de carreira. Se não estivessem lá no aeroporto, estariam trabalhando aqui. Não é verdade que ganham muito. São bons servidores, competentes, eficientes", disse Campos.

AUTOPROMOÇÃO

Ao defender sua reforma administrativa, Renan apresentou resultados de pesquisa encomendada ao DataSenado, instituto de pesquisa da Casa, que mostram o apoio de 81% da população brasileira às medidas de economia implantadas por ele. Foram ouvidas, por telefone, 1.200 pessoas entre os dias 16 e 30 de abril.

"A média de aprovação das medidas foi de 81%, sendo que algumas medidas específicas tiveram aprovação bem superior. A redução de gastos em contratos foi aplaudida por 85% e outros 83% aprovaram o corte dos cargos comissionados. Os dados superlativos das pesquisas são eloquentes e suficientes para recomendar que continuemos a buscar um Senado eficiente, econômico e transparente", afirmou Renan.

O Senado também produziu propagandas que começaram a ser divulgadas hoje na rádio e na TV Senado para exaltar os 100 dias de gestão de Renan.

O senador diz que o seu objetivo é "fazer mais com menos", uma espécie de "slogan" adotado por Renan para a reforma administrativa.

Também foram instalados painéis eletrônicos em diversos pontos do Senado que publicam, diariamente, os valores economizados pela Casa na gestão Renan.

Batizados de "economômetros", os painéis seguem o modelo do "impostômetro" lançado em 2005 pela ACSP (Associação Comercial de São Paulo) para apontar a cobrança excessiva de impostos pelo governo.

Entre as medidas adotadas por Renan, está a extinção do serviço médico da Casa para atendimentos ambulatoriais. Os médicos e outros profissionais de saúde foram cedidos ao SUS (Sistema Único de Saúde), mas os salários continuarão a ser pagos pelo Senado.

Renan também transferiu ao governo do Distrito Federal os equipamentos médicos que foram aposentados no Senado em convênio assinado nesta quinta-feira com o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT).

"Isso elimina uma redundância e um privilégio. Todos os servidores do Senado têm um plano de saúde. O atendimento médico e hospitalar não era coberto pelo plano, mas pelo próprio Senado. Era caracterizada uma dupla despesa que foi eliminada", afirmou Renan.


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