Folha de S. Paulo


'Foi um crime de profissionais', diz legista que mudou rumo do caso PC Farias

Alçado à fama após contestar a primeira versão oficial do caso PC Farias, o médico legista George Sanguinetti passou quase dez anos cercado por seguranças em razão de suas afirmações.

Hoje os oito seguranças foram trocados por uma fortaleza em Maceió de cercas elétricas, cães de guarda e um vigia, de onde ele reacende a polêmica: foi um crime "político e financeiro" cometido por "profissionais", diz à Folha.

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Quase 17 anos após os crimes, ele mantém o ímpeto ao afirmar que o episódio foi um duplo homicídio, e não um homicídio-suicídio.

"Quem matou era profissional. É inquestionável", diz o legista, mostrando fotos da cena do crime e da necropsia de PC --todas afixadas metodicamente na parede.

"Esse tiro não foi dado por Suzana, e PC não recebeu esse tiro no local [cama]. Um ferimento estranhamente limpo, sem sangue nenhum. Levantei essa questão e disseram [defensores da outra tese] que PC era gordo e gordos não sangram."

Sanguinetti diz ter sido ameaçado em telefonemas anônimos e que policiais civis chegaram a rondar sua casa no auge da polêmica.

Coronel-médico reformado da PM de Alagoas, Sanguinetti dirigia o hospital militar do Estado à época dos crimes. Ganhou projeção midiática ao contestar a linha oficial da primeira investigação, a do homicídio-suicídio.

Embora não fosse perito oficial do caso, sua manifestação foi anexada ao processo. Depois a Justiça determinou nova perícia que concluiu pelo duplo homicídio.

Suas impressões não foram consideradas oficialmente no processo, mas ele ganhou fama como "legista do caso PC" e foi eleito vereador em Maceió em 2000 pelo PL (atual PR), com 3.933 votos. Em 2012, tentou novamente pelo PMDB e ficou como suplente, com 568 votos.

Também passou a ser consultor em perícias e atuou em casos de repercussão, como a morte da menina Isabela Nardoni, contratado pela defesa do casal Nardoni.

Sobre o caso que lhe deu nome, o legista se arrisca além da seara técnica e afirma que Suzana Marcolino foi arrastada por uma trama de poder e dinheiro.

"Usaram Suzana na morte de PC para fundamentar o crime passional. Conheço casos em Alagoas que, quando se vai matar alguém, já se sabe até quem vai responder pelo crime. Quem tem poder politico e financeiro fica a salvo. É o caso", afirma.

Editoria de arte/Folhapress
Laudos morte PC Farias

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