O delegado Antônio Carlos Lessa que, com o colega Alcides Andrade, investigou a morte de Paulo César Farias e da namorada dele, Suzana Marcolino, disse nesta segunda-feira (6) ter feito um "pacto" para não falar mais sobre o caso.
"Não damos nenhuma declaração a respeito do caso PC. Foi um pacto que nós fizemos, eu e Alcides, para que, a partir do momento que a gente entregasse [o inquérito] na Justiça, nós não diríamos mais nada sobre o caso. A não ser numa convocação da Justiça", afirmou o delegado à Folha.
Antes de júri, irmão de PC Farias diz que réus são inocentes
Lessa e Andrade participaram da segunda fase do inquérito que investigou o crime ocorrido em 23 de junho de 1996, na casa de praia de PC Farias, em Maceió.
Nesta segunda-feira, também na capital alagoana, teve início o julgamento dos quatro ex-seguranças denunciados sob acusação de envolvimento na morte do casal.
Os policiais militares Adeildo dos Santos, Reinaldo de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva são acusados de participação nas mortes ou, no mínimo, de omissão ao não evitá-las.
Tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor em 1989, PC Farias é tido como articulador do esquema de corrupção no governo denunciado à época.
Os delegados Lessa e Andrade foram responsáveis pelo indiciamento do ex-deputado federal Augusto Farias (antigo PPB, hoje PP), irmão de PC, por envolvimento no crime.
Como tinha foro privilegiado à época, a denúncia contra Augusto Farias foi para o STF (Supremo Tribunal Federal), onde o processo foi arquivado por falta de provas, em 2002.
Antes do início da sessão, Farias defendeu a inocência dos réus e acusou os delegados que atuaram na segunda fase do inquérito de tentarem negociar com ele o indiciamento apenas dos quatro ex-seguranças.
"Eles fizeram uma proposta indecorosa, queriam me deixar de fora da acusação, contanto que eu concordasse com o indiciamento dos seguranças", afirmou Augusto.
De acordo com as investigações, Augusto foi o último parente a se encontrar com PC e o primeiro a chegar na cena do crime.
Procurado, Alcides Andrade não atendeu às ligações da reportagem.