Folha de S. Paulo


Senador petista diz que Aécio e Campos miram disputa de 2018

Em discurso com duras críticas ao PSDB, o senador Jorge Viana (PT-AC) disse nesta quarta-feira que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos (PSB-PE) "jogaram a toalha" para as eleições de 2014 e já miram a disputa para o Palácio do Planalto em 2018.

Viana disse que a defesa do fim da reeleição e mandato de cinco anos, feita na semana passada pelos prováveis adversários da presidente Dilma Rousseff, mostra que os dois admitem que não terão chance de vencer a petista no ano que vem.

Painel: Campos liga para Aécio para apoiar ideia sobre fim da reeleição

"Hoje, eu vejo o candidato a presidente, meu colega Aécio Neves, o pretenso candidato a presidente Eduardo Campos, governador de Pernambuco, presidente do PSB, dizendo que querem o fim da reeleição. Eles não se entendem. Talvez estejam mirando 2018, já estão jogando a toalha sobre 2014."

Geraldo Magela/Agência Senado
Jorge Viana, senador do PT, que apontou incoerência do PSDB ao acusar casuísmo em proposta sobre partidos
Jorge Viana, senador do PT, que apontou incoerência do PSDB ao acusar casuísmo em proposta sobre partidos

Viana subiu à tribuna do Senado para acusar o PSDB de "incoerência" por criticar a aprovação do projeto que inibe a criação de partidos a pouco mais de um ano antes das eleições. Gestado pelo Palácio do Planalto para prejudicar a candidatura da ex-senadora Marina Silva, que articula a criação do partido Rede de Sustentabilidade, o projeto praticamente inviabiliza a ação de novas siglas por limitar o acesso ao fundo partidário e ao horário eleitoral.

Viana disse ainda que, em setembro de 1993, o Congresso aprovou mudanças na legislação eleitoral pouco antes da disputa com o objetivo de prejudicar a candidatura de Lula --que na época enfrentava Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O projeto, segundo o petista, era de autoria do então deputado José Serra (PSDB-SP) --e proibia a veiculação de imagens externas na propaganda política. Na época, Lula promovia a sua Caravana da Cidadania, percorrendo o país, e a medida teria inviabilizado a eleição do petista.

O senador do PT também acusou o PSDB de criar o Plano Real e aprovar a emenda da reeleição, sempre próximo a períodos eleitorais, para prejudicar a candidatura de Lula e o PT. "Na época, isso não era casuísmo porque era contra o PT. Agora, é o PT que está atrás de fazer casuísmo ao criticar o projeto que limita novos partidos", afirmou Viana.

INTERFERÊNCIA

Vice-presidente do Senado, o petista também acusou o STF de interferência numa decisão do Legislativo ao suspender a tramitação do projeto que limita novas siglas. Viana, porém, disse que não há "crise". "Crise é se não estivéssemos conversando."

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) fez coro ao colega e disse que o Supremo não tinha poderes para paralisar a discussão de um projeto no Senado. "O importante é que o Congresso não se abaixe demais." Requião criticou o movimento de senadores, liderados por Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que hoje se reuniram com o ministro Gilmar Mendes, do STF, para apoiar a decisão de suspender o andamento do projeto.

Na semana passada, a liminar de Mendes deflagrou uma crise entre os dois Poderes. O ministro tomou a decisão horas depois de comissão da Câmara aprovar projeto que submete decisões do STF ao Congresso --o que foi interpretado como uma espécie de retaliação ao Legislativo.

Os presidentes da Câmara e do Senado acusaram o ministro de "interferência" no Congresso. Ontem, depois de se reunirem com Mendes, mudaram o tom e pregaram o "distensionamento" das relações.

Durante a reunião, Mendes prometeu levar sua decisão para discussão no plenário do STF de forma rápida.

Além de Paz, outros dois réus condenados no mensalão já apresentaram recursos questionando a decisão do STF. O primeiro foi Rogério Tolentino, ex-advogado de Valério, seguido do deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP).

A defesa de Paz diz que, além dos embargos de declaração, também apresentará embargos infringentes e, se necessário, até revisão criminal.


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