Folha de S. Paulo


Para Carvalho, governo tem 'muito o que comemorar' no 1º de Maio

Em meio à ameaça de centrais sindicais de usarem as comemorações do Dia do Trabalho em 1º de maio para hostilizar a presidente Dilma Rousseff, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) disse nesta segunda-feira (29) que o governo tem "muito o que comemorar" na data e tem "orgulho" de dialogar com os trabalhadores.

O ministro afirmou que Dilma não vai participar da principal comemoração em São Paulo, organizada pela Força Sindical --que convidou os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB-MG) e Eduardo Campos (PSB-PE) para subirem no palanque do evento. Carvalho deve ser o representante do Palácio do Planalto na comemoração.

Painel: Centrais sindicais vão usar 1º de Maio para hostilizar Dilma

Alan Marques - 15.ago.12/Folhapress
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência)
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência)

"O 1º de Maio é uma festa dos trabalhadores, eles convidam quem eles quiserem, nós temos sempre ido. O governo tem muita consciência do que ele mudou, do que nós conseguimos junto com os trabalhadores mudar nessa questão toda do emprego. [...] Temos muito o que comemorar no dia 1º. de Maio. É provável que a gente esteja presente, sim, com muita honra, orgulho de ser um governo que recebe trabalhadores, dialoga com trabalhadores, que atende as reivindicações que são possíveis", afirmou.

Sem resposta do governo sobre a pauta de 12 itens encaminhada à presidente ao final da marcha dos trabalhadores realizada em março, as principais centrais sindicais prometem transformar o 1º de Maio em palanques hostis à presidente.

Segundo revelou o Painel, além da Força Sindical, que franqueará seu showmício a presidenciáveis da oposição e proporá reajustes salariais trimestrais contra a inflação, a CUT (Central Única dos Trabalhadores), até agora alinhada ao Planalto, ameaça mudar o tom, discutindo calendário de paralisações a partir do Dia do Trabalho.

Carvalho não quis comentar a proposta do deputado Paulinho da Força (PDT-SP) de sugerir reajustes no salário mínimo a cada três meses. "Eu não tenho conhecimento, é uma autonomia do movimento sindical."

O ministro disse que "não faz sentido" Dilma definir a posição do governo sobre a pauta de reivindicações dos sindicalistas pressionada pelo Dia do Trabalho.

Mas o governo vai discutir até amanha, segundo Carvalho, quais serão as medidas anunciadas por Dilma em seu pronunciamento à nação no 1º de Maio.

"Nós vamos entre hoje e amanhã ainda discutir com a presidente para ver se tem alguma coisa nova para colocar sobre as empregadas domésticas ou outra questão qualquer sindical", afirmou.

Apesar de rebater as críticas dos sindicalistas, Carvalho disse que o movimento sindical brasileiro tem "autonomia" e tem se comportado "de maneira adequada".

"O Ministério do Trabalho hoje segue trabalhando em diálogo com os sindicatos. Estamos celebrando esse acordo com a construção civil que se amplia por todo o país, o acordo da cana de açúcar. O movimento sindical está bem organizado, não temos que interferir ou dar sugestões de mudança neste momento, acho que está bem", afirmou.

As centrais entregaram a pauta de reivindicações a Dilma no dia 6 de março, mas ainda não tiveram resposta do governo. Estão na lista de pedidos, entre outros, a redução da jornada de trabalho e fim do fator previdenciário.

SEMINÁRIO

O ministro participou esta manhã de um seminário, no Senado, para discutir o marco legal das organizações da sociedade civil. Projeto em tramitação no Congresso cria uma lei específica para regular as parcerias de entes públicos com o chamado "terceiro setor" --entidades privadas sem fins lucrativos.

Carvalho disse que o governo apoia a proposta diante da necessidade de regulamentação de um setor que "batalha" sem mecanismos legais que respaldem seu trabalho.

"Tivemos vácuo na legislação e as entidades foram tratadas como se fossem órgãos públicos, com os mesmos mecanismos de controle e exigências legais e formais que nós temos em relação, por exemplo, a Estados e municípios. Com isso, muitas entidades não conseguiram dar conta do aparato formal e foram se perdendo ao longo da história", afirmou.


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