Folha de S. Paulo


Operação da PF prende secretários do Meio Ambiente no RS

A Polícia Federal prendeu na manhã desta segunda-feira (29) ao menos 18 pessoas --entre eles políticos e secretários de Estado-- sob suspeita de fraudar processos de licenciamento ambiental em órgãos públicos do Rio Grande do Sul.

Mediante pagamento de propina, os órgãos aceleravam as licenças ou liberavam empreendimentos que estivessem irregulares, segundo as investigações.

Entre os suspeitos estão as duas maiores autoridades ambientais do Estado, o secretário estadual do Meio Ambiente, Carlos Fernando Niedersberg (PC do B), e o secretário municipal de Meio Ambiente de Porto Alegre, Luiz Fernando Záchia (PMDB).

Também foi preso o ex-secretário estadual do Meio Ambiente Berfran Rosado, que atuou no governo Yeda Crusius (PSDB).

De acordo com o superintendente local da PF, Sandro Caron de Moraes, o governador Tarso Genro (PT) e o prefeito José Fortunati (PDT) foram avisados das prisões no início da manhã de hoje.

O governador e o prefeito de Porto Alegre já determinaram o afastamento das pessoas apontadas nas investigações da PF, que ocorreram por quase um ano.

A polícia investiga entre 30 e 40 processos fraudados, após pagamentos de propina que variavam de R$ 20 mil a R$ 70 mil, em áreas como mineração e construção civil.

Foram cumpridos 29 mandados de busca e apreensão e de prisão temporária nas cidades de Porto Alegre, Taquara, Canoas, Pelotas, Caxias do Sul, Caçapava do Sul, Santa Cruz do Sul e São Luiz Gonzaga, todas no Rio Grande do Sul, e em Florianópolis (SC). A operação foi batizada de Concutare (concussão, em latim).

Não foram divulgados os nomes dos empreendimentos.

De acordo com o delegado da PF Thiago Machado, havias vários núcleos de corrupção atuando em diversos órgãos públicos, e não existia um chefe único no esquema.

Entre os presos, que não tiveram os nomes divulgados, estão dois servidores da Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler) e um do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral).

Segundo a PF, deverão ser indiciadas até 50 pessoas por envolvimento no esquema, entre servidores públicos, empresários e despachantes ambientais --que faziam a intermediação entre as empresas e os agentes corruptos.

Uma equipe de peritos irá aferir os danos ambientais causados pelas quadrilhas.

OUTRO LADO

O advogado de Niedersberg (secretário estadual afastado), Eduardo de Castro Campos, pediu para a reportagem entrar em contato no final da tarde, após sua reunião com os delegados da PF.

Luciano Feldens, que defende o ex-secretário Berfran Rosado, disse que ainda não teve acesso à decisão que mandou prender seu cliente nem ao inquérito policial.

A Folha não conseguiu contato com Rafael Real, advogado de Záchia (secretário municipal).


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