Folha de S. Paulo


Rei da Noruega realiza "sonho" e encerra visita controversa à Amazônia

Depois de realizar o "sonho" de conhecer a Amazônia brasileira e a etnia ianomâmi, o rei Harald 5º, da Noruega, deixou a terra indígena nesta quinta-feira (25) após uma visita de quatro dias à região, localizada entre Roraima e o Amazonas.

Cercada de segredos, a viagem de caráter privado do monarca recebeu a atenção especial da Polícia Federal, da Funai (Fundação Nacional do Índio) e do Itamaraty. Não foram informados o número de pessoas na comitiva e nem o de policiais envolvidos na segurança.

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O rei, de 76 anos, ignorou apelos de autoridades brasileiras sobre os riscos da viagem. A terra indígena ianomâmi enfrenta tensão resultante de conflitos armados entre as tribos e de invasões de garimpeiros e fazendeiros.

A Embaixada da Noruega em Brasília informou que o rei sempre sonhara em viajar para a Amazônia. "Agora, aos 76 anos, ele conseguiu realizar este sonho", disse Elisabeth Forseth, encarregada de negócios.

Segundo a Funai, o rei ficou na aldeia Demini, no Amazonas, a cerca de 150 km do local dos conflitos mais recentes em Roraima. Ele foi conhecer projetos financiados pela Noruega --um deles envolve a instalação de rede de comunicação via rádio nas aldeias.

A reportagem apurou que a viagem pode fazer parte dos preparativos da Embaixada da Noruega para a celebração dos 30 anos do Programa de Apoio aos Povos Indígenas no Brasil, completados neste ano.

A Hay (Hutukara Associação Yanomami), que é presidida pelo líder ianomâmi Davi Kopenawa, que recebeu o rei na aldeia, tem apoio institucional do programa norueguês. Os investimentos são de R$ 300 mil para ações em saúde e educação na terra indígena.

O índio Dário Kopenawa, filho de Davi e integrante da Hay, disse que a viagem foi boa para o "espírito" de Harald 5º. "O rei já foi embora. Ele realizou o sonho dele, foi bom para seu espírito."


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