Folha de S. Paulo


Toffoli nega crise com Congresso e diz que país vive 'democracia ativa'

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) José Antônio Dias Toffoli afirmou nesta quinta-feira (24) que não ha "crise" nem "retaliação" na relação do Judiciário com o Legislativo, mas "Poderes funcionando".

O ministro saiu em defesa da decisão tomada ontem pelo colega Gilmar Mendes, que suspendeu a tramitação no Congresso de um projeto que inibe a criação de novos partidos. O despacho ocorreu horas depois de avançar na Câmara uma proposta que retira poderes do Supremo.

Análise: Desentendimento entre Poderes chega às raias de um arranca-rabo
Para Entender Direito: Leis, lares disfuncionais e estado de sobrevivência
Leia a íntegra da decisão do Supremo

Pedro Ladeira/Folhapress
O ministro Dias Toffoli (à dir.) com o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) no Congresso nesta quinta-feira
O ministro Dias Toffoli (à dir.) com o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) no Congresso nesta quinta-feira

Segundo Toffoli, o país vive atualmente uma democracia efervescente. "Não ha que se falar em crise, não há o que se falar em retaliação. Isso não procede. O que temos é uma democracia muito ativa. Quem quer ver crise nisso, quer criar crise porque não há", disse.

Para Toffoli, a decisão de Mendes foi tomada dentro dos parâmetros constitucionais. "O Congresso tem todo o direito de deliberar e Supremo age dentro dos parâmetros da Constituição", disse. "Vivemos uma democracia efervescente. Ruim seria se o Congresso ou o Judiciário não estivessem atuando", completou.

Gestada pelo PT, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara aprovou uma proposta que submete algumas decisões do Supremo ao crivo do Congresso. Entre os integrantes da CCJ, estão dois deputados condenados pelo Supremo no julgamento do mensalão: João Paulo Cunha (PT-SP) e José Genoino (PT-SP.

A proposta foi criticada por ministros do STF ontem, inclusive Gilmar Mendes, que no fim da noite suspendeu em liminar a análise do projeto que restringe o amplo acesso de novos partidos ao fundo partidário e ao tempo de TV, benefícios vitais para as siglas, que foi aprovado na Câmara e está no Senado.

A proposta tem aval do Planalto e esvazia a movimentos como da ex-senadora Marina Silva que tenta viabilizar um novo partido, a Rede Sustentabilidade, de olho na disputa presidencial de 2014.

Mais cedo, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse ter estranhado a decisão do Supremo de suspender temporariamente a tramitação do projeto. Mas, em um gesto de distensão no que classificou de abalo entre os Poderes, comprometeu-se a adiar a instalação de uma comissão para estudar uma proposta que tira poderes do STF.

Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: