Folha de S. Paulo


Alves diz que Câmara ainda não vai discutir cassação de condenados

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse nesta terça-feira (23) que a Casa ainda não vai se pronunciar sobre a perda do mandato dos quatro deputados condendados no julgamento do mensalão. Segundo Alves, "não há nenhuma novidade" e é preciso esperar a conclusão do processo.

A partir de hoje, começa a contar o prazo de dez dias para a apresentação de recursos contra as condenações. "[A Casa] não vai se pronunciar agora. Tem que concluir o processo, tem que analisar", disse o peemedebista.

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Sergio Lima/Folhapress
Deputado Henrique Alves, presidente da Câmara
Deputado Henrique Alves, presidente da Câmara

O presidente tem dito que a Casa vai analisar questões formais, como o respeito ao amplo direito de defesa e aos prazos processuais. Alguns líderes partidários, no entanto, defendem que a perda do mandato precisa ser votada decidida pela Casa, em votação.

"Do que eu já declarei, não há nenhuma novidade. Agora, aguardar a finalização do Supremo e essa Casa saberá o que fazer, como o Supremo está sabendo também o que fazer. Cada um sabe o que fazer na sua área, respeitando a Constituição", disse.

No acórdão do julgamento (resultado final, incluindo os detalhes dos votos dos ministros), divulgado ontem, o STF reafirmou que tem a palavra final sobre a cassação do mandato dos deputados condenados e que cabe à Câmara apenas formalizar a decisão da corte.

Durante os quase cinco meses do mais longo julgamento de sua história, o tribunal condenou 25 pessoas, entre elas quatro parlamentares: José Genoino (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT).

"A Constituição não submete a decisão do Poder Judiciário à complementação por ato de qualquer outro órgão ou Poder da República", diz o texto. "No caso, os réus parlamentares foram condenado pela prática, entre outros, de crimes contra a administração pública. Conduta juridicamente incompatível com os deveres inerentes ao cargo", afirma.

O STF reproduziu manifestação adotada em um caso anterior para dizer que "não cabe ao Poder Legislativo outra conduta senão a declaração da extinção do mandato'", sublinhando a palavra "declaração".

Para a corte, os condenados fizeram parte do maior escândalo de corrupção do governo Lula, que, por meio de desvio de recursos públicos, corrompeu parlamentares da base aliada para garantir a governabilidade.

A perda do mandato foi decidida num placar de 5 votos a 4 e gerou polêmica à época. Os ministros derrotados entendiam que a Câmara poderia discutir a cassação, tese defendida por líderes partidários e pela cúpula da Casa.


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