Folha de S. Paulo


Após perder diretório do PSDB, Matarazzo cogita deixar partido

Um dia depois de acusar três secretários do governo de Geraldo Alckmin de operar para derrotá-lo na eleição para a presidência municipal do PSDB, o vereador Andrea Matarazzo admitiu nesta quarta-feira (17) que cogita deixar o partido.

Amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do ex-governador José Serra, Matarazzo se diz vítima de um "golpe" desferido pelos secretários Julio Semeghini (Planejamento), José Aníbal (Energia) e Bruno Covas (Meio Ambiente).

Serrista perde eleição para presidir PSDB de SP

Eduardo Knapp/Folhapress
Vereador tucano Andrea Matarazzo
O vereador tucano Andrea Matarazzo

"Nunca tinha pensado deixar o partido. Fiz toda minha carreira no PSDB. Mas, obviamente, com o tratamento que tenho recebido e que ontem recebi por parte de secretários de governo --porque não são apenas deputados, são secretários de governo-- tenho que prestar atenção e refletir."

Após votação tumultuada na noite de ontem, o vereador retirou sua candidatura à presidência do PSDB paulistano. A escolha recaiu sobre ex-deputado Milton Flávio, que é subordinado a Aníbal na Secretaria de Energia.

Matarazzo, que acusa os secretários de não cumprirem um acordo prévio, diz considerar sua situação na legenda "desagradável". "É muito desagradável você querer ser sócio de um clube que não quer te aceitar ou te hostiliza."

Uma eventual saída, afirma, não pode ser uma decisão precipitada. Mas dependerá de desdobramentos no partido, que, segundo ele, agoniza na capital.

"O acontecimento de ontem acende o sinal amarelo de que há problemas, principalmente depois de eu ver as milícias do Bruno Covas gritando que o 'Matarazzo tem que sair do partido'. Só não acende a luz vermelha porque são três deputados que não têm grande expressão."

Segundo vereador mais votado da capital, Matarazzo foi procurado hoje mesmo pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) e por emissários do recém-criado Mobilização Democrática", fruto da fusão de PPS e PMN.

ELEIÇÃO

O vereador acusa o trio de secretários de usarem "todo o peso das secretarias sobre o diretório municipal", forçando-o a retirar a candidatura à presidência do PSDB. Segundo Matarazzo, os três lançaram o nome do ex-deputado Milton Flavio, que acabou eleito, horas depois de se reunirem com ele para negociar a composição do comando do PSDB em São Paulo.

Sobre Alckmin, Matarazzo diz acreditar que "ele não tenha interferido nem por um lado nem para o outro". Mas duvida que desconhecesse a operação, segundo o vereador, orquestrada por um integrante cozinha do Palácio dos Bandeirantes. "São três secretários dele. Ignorar não poderia ignorar. Mas não acredito que tenha sido uma decisão dele."

Ex-secretário de Cultura de Alckmin, Matarazzo hesita ao opinar sobre a eventual atuação do governador na disputa municipal.

"Pode ser que o governo prefira um ex-deputado do interior comandando o PSDB da capital do que os vereadores de São Paulo".

Apesar de ser identificado como serrista, Matarazzo afirma que essa não é uma retaliação ao ex-governador José Serra, de quem é amigo. "É muito mais uma aflição precoce desses deputados com relação à Prefeitura de 2014", avalia.
"É bom lembrar que para o PSDB fundamental é a eleição de 2014. Se não formos bem em 14, não teremos 15 nem 16", adverte.


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