Folha de S. Paulo


Aécio diz que Dilma age para ganhar eleição por W.O.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), que deve disputar a Presidência no ano que vem, afirmou nesta quarta-feira (17) que vê a presidente Dilma Rousseff "assustada com o processo eleitoral" de 2014. O tucano acusou o governo de agir com "rolo compressor" para ganhar a eleição no W.O. (sem adversários).

Aécio criticou a movimentação de aliados do governo para acelerar a tramitação na Câmara do projeto que inibe a criação de novos partidos. O texto, que deve ser votado hoje, restringe o acesso ao tempo de TV e fundo partidário para siglas que não disputaram as eleições.

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A medida esvazia movimentos como o da ex-senadora Marina Silva, que tenta criar a Rede Sustentabilidade, partido pelo qual se lançaria à Presidência em 2014, e o MD (Mobilização Democrática), criado hoje com a fusão do PPS e PMN.

"O governo federal quando interessa criar partido, dá instrumentos para criação, mas quando acha que pode prejudicá-lo age com rolo coimpressor", disse, em referência à criação do PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.

"Isso não é bom para a democracia. A presença de outras candidaturas eleva o debate. Numa democracia como o Brasil, ninguém pode querer ganhar eleição no W.O", completou.

Segundo Aécio, o governo age para engessar o partido de Marina, que conquistou quase 20 milhões de votos nas últimas eleições, porque prevê dificuldades para eleição de Dilma caso a candidatura da ex-senadora seja confirmada. "Essa ação contundente do governo demonstra preocupação enorme com as eleições de 2014, pela fragilidade da economia, retomada da inflação, crescimento pífio da economia. O governo está assustado com ambiente pré-eleitoral e quer na marra inibir outras candidaturas."

O tucano defendeu que o projeto tenha efeitos apenas após as eleições de 2014. "Não pode haver regra casuística para quem atende ao governo e outra para quem é contra o governo. O PSDB tem se colocado contra o rolo compressor do governo. O governo teme o confronto e age dessa forma tão truculenta".

Aécio defendeu o ingresso do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e Marina na disputa. "Saúdo e estimulo Campos que traz tom crítico quanto ao governo. A candidatura de Marina é importante para dar pluralidade ao debate."

O senador ainda criticou a antecipação do debate eleitoral. "Vejo a presidente da República assustada com o processo eleitoral. Ela age em 2013 como se tivesse em 2014 e isso faz com que a conta para os brasileiros aumente mais."

O tucano também minimizou a indicação de que o novo partido da fusão do PPS e PMN deve apoiar a campanha de Campos.

"As decisões sobre alianças não serão tomadas agora, dependerá de muitas ações e caminhada que serão longas", disse Aécio. O PPS esteve com o PSDB em eleições anteriores.

ECONOMIA

Com mais uma rodada de críticas à política econômica do governo Dilma, Aécio chamou de "lamentável" um eventual aumento na taxa básica de juros, que pode ser anunciado hoje pelo Banco Central.

Ele reiterou que o governo tem sido leniente com a inflação e tem abandonado os pilares macroeconômicos.

"Acho que infelizmente a omissão do governo, a flexibilidade com que o governo trata a política fiscal, o tripé macroeconômico, meta de inflação, câmbio flutuante, superávit primário, está levando inexoravelmente a agir com medidas como a alta de juros", afirmou.

Para Aécio, o governo precisa reagir as turbulência da economia e não há mais como responsabilizar a crise financeira internacional já que os Estados Unidos indicam melhora.

"O que acontecer será lamentável porque o mundo inteiro caminha para a redução da taxa. o que tem havido é um descontrole do governo. O governo do PT foi leniente com a inflação lá atrás, quando votou contra o Plano Real, e quando não considerava a inflação a ser enfrentado com tolerância zero."


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