Folha de S. Paulo


Lula diz que Serra não soube administrar banco paulista vendido em 2008

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (16) que o ex-governador José Serra (PSDB-SP) não teve "competência" para administrar a Nossa Caixa, comprada pelo Banco do Brasil em 2008.

O petista discursou no evento de 90 anos do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, no centro da capital paulista.

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Ao elencar feitos de sua passagem pelo Palácio do Planalto, entre 2003 e 2010, o petista disse que seu governo fortaleceu o sistema financeiro, inclusive com a aquisição de instituições bancárias.

"Quando nós percebemos que o Serra não tinha competência para cuidar da Caixa Econômica Estadual [referindo-se à Nossa Caixa], nós assumimos o compromisso de comprar a Caixa Econômica Estadual", afirmou Lula.

O banco Nossa Caixa foi comprado por cerca de R$ 5,4 bilhões. Na época, o BB visava retomar a posição de maior banco do país, que havia perdido com a fusão do Itaú com o Unibanco.

Na quadra do Sindicato dos Bancários, Lula disse que seu governo também comprou instituições de outros Estados que, segundo ele, seriam privatizadas.

MERCADO INTERNO

O ex-presidente defendeu o fortalecimento do mercado interno como "salvação" para o país, em um momento de incerteza econômica.

"De vez em quando, eu vejo umas pessoas dizendo que o Brasil precisa exportar mais, que não tem que se voltar para o mercado interno. A salvação deste país foi o mercado interno, foi a gente criar condições para que a maioria da população, que não tinha acesso às coisas elementares, começasse a sonhar em ter uma conta bancária, a comprar uma casinha, uma geladeira, uma roupa, um carro, a viajar de avião para o exterior", disse Lula.

O petista afirmou ter realizado o "milagre de elevar 40 bilhões de brasileiros" à classe média. "Para a classe média baixa, é verdade, mas tudo começa assim". Lula brincou que as pessoas nascem "baixinhas" e depois chegam a 1,90m de altura, "como eu".

Ele afirmou que a presidente Dilma Rousseff precisa ampliar as conquistas de seu governo.

"Eu falo sempre para a Dilma: não se esqueça de que o que o povo já conquistou está na contabilidade do passado. O povo quer coisa nova", concluiu Lula, para uma plateia de cerca de 300 pessoas, que não lotou a quadra dos bancários, onde foram montados aproximadamente 750 assentos.

REFORMA POLÍTICA

O PT aproveitou o aniversário do sindicato para lançar em São Paulo a sua campanha pela reforma política. O partido começou a colher assinaturas para apresentar um projeto de lei de iniciativa popular defendendo o financiamento público de campanhas e o voto em listas partidárias nas eleições proporcionais.

A iniciativa visa se contrapor ao julgamento do mensalão, no qual dirigentes petistas como o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do partido José Genoino foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal.

O argumento da legenda, durante o julgamento, era de o mensalão não foi um esquema de compra de apoio político, como decidiu o STF. Para o PT, os recursos visavam o pagamento de dívidas eleitorais,

O presidente do partido, Rui Falcão, disse que o financiamento público irá "barrar o peso do poder econômico", "combater a corrupção" e "baratear as eleições".

Lula assinou o documento da campanha petista, mas não mencionou o tema em seu discurso.


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