Folha de S. Paulo


Inibir novos partidos é 'casuísmo e agressão', diz Eduardo Campos

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), chamou nesta terça-feira (16) de "casuísmo" e "agressão" uma manobra patrocinada por PT e PMDB para acelerar a tramitação do projeto de lei que restringe a criação de novos partidos.

As declarações de Campos ocorrem um dia depois de o presidente do PPS, Roberto Freire, afirmar que um eventual novo partido, fruto de fusão com o PMN, terá uma "tendência majoritária" de apoio a uma possível candidatura do pernambucano.

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"O PSB vai se posicionar contrariamente à inibição de novos partidos. Eu acho que foi dada a possibilidade, há tempos atrás, que surgisse um novo partido, que foi o PSD. Se querem limitar o crescimento com direito a tempo de televisão e a fundo partidário nesse momento, que o faça para a próxima legislatura. Mas agora seria um casuísmo, uma agressão", disse Campos, durante passagem pelo Congresso, no início da tarde desta terça.

Eduardo Braga-19.mar.13/Divulgação/SEI
Eduardo Campos (PSB) durante evento em Penambuco; governo criticou proposta sobre novas siglas
Eduardo Campos (PSB) durante evento em Penambuco; governo criticou proposta sobre novas siglas

O governador não citou o caso específico de Freire, mas fez referência direta à Rede, partido de Marina Silva, que está em fase de coleta de assinaturas. A possibilidade de mais candidaturas alternativas à reeleição da presidente Dilma Rousseff é vista como uma vantagem para levar a disputa do ano que vem ao segundo turno.

Campos evitou polemizar com o ex-presidente Lula e com o ex-ministro José Dirceu, condenado no mensalão. Ambos fizeram ontem referências irônicas, em ocasiões distintas, ao slogan informal lançado por Campos em inserções em rádio e televisão, de que "é possível fazer mais". Dirceu disse que "é possível fazer mais em Pernambuco".

"O Lula é muito inteligente, conhece muito o povo brasileiro e sabe que é importante sempre a gente tentar fazer mais", afirmou.

Sobre Dirceu, disse que não iria fazer comentários.

"Eu não vou responder. Não é de hoje que eu divirjo do José Dirceu."

ECONOMIA

Campos passa o dia em Brasília, em conversas políticas. Pela manhã, reuniu-se por mais de uma hora com senadores e deputados do PSB. Depois, foi recebido em almoço por senadores do PTB, PR e PSC-- todos da base do governo Dilma.

Nas conversas, avaliações do cenário econômico e sobre a tramitação de projetos estratégicos no Congresso deram a tônica. Campos reforçou críticas que vem fazendo à gestão do governo e a gargalos econômicos e de infraestrutura.

"Eu acho que os três meses poderiam ser melhores do que foram", disse, em resposta a um jornalista que o questionou sobre declaração dada por ele meses atrás, de que os três primeiros meses do ano mostrariam se a presidente Dilma seria capaz de salvar o crescimento de 2013.

Segundo presentes ao almoço, Campos citou um "cenário de preocupação" com a economia. O tema citado pelo governador é a mais incômoda para o governo neste momento: a inflação.

Sobre a decisão do governo, anunciada ontem, de afrouxar a meta fiscal revendo a previsão de superávit primário (economia para pagar juros de dívidas), Campos disse não ver problemas desde que essas alterações sejam feitas com transparência. Neste ponto, também fez referência a um ponto crítico do governo, quando, no fim de 2012, a equipe econômica fez uma manobra fiscal para afirmar o cumprimento da meta estabelecida para o superávit.

"Não vejo nenhuma gravidade que você faça uma repactuação do superávit primário, mas tem que fazer isso de forma clara, transparente, afirmando por que estamos fazendo e em nome de quê. O que efetivamente às vezes complica é quando não se encara com toda tranquilidade e toda clareza. Tivemos exemplo disso no fechamento do ano de 2012", disse.


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