Folha de S. Paulo


No Rio, manifestantes protestam em frente ao Clube Militar

Um grupo de manifestantes concentrou-se nesta segunda-feira (1º) na praça da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, para protestar contra o golpe militar que completou ontem 49 anos.

Em frente ao prédio do Clube Militar, se reuniram organizações voltadas para a defesa de direitos humanos, partidos políticos e representantes de sindicatos.

Militares da reserva chamam Comissão da Verdade de 'totalitária'

Ao passar pelo local, uma segunda comitiva, formada por defensores da aldeia Maracanã aproveitou a ocasião para protestar contra o governo estadual, que conduziu o processo para a retirada daqueles que ocupavam o Museu do Índio, situado próximo ao estádio.

Para criar uma sintonia entre as duas manifestações, houve uma adaptação no discurso. "Apoia a ditadura quem apoia o Cabral", gritavam em coro o grupo em defesa dos índios.

O barulho chegou a incomodar alguns manifestantes que tentavam discursar sobre os casos de tortura ocorridos durante o regime militar.

"Várias entidades e movimentos sociais estão organizando hoje uma série protestos", lembrou Sérgio Moura, do grupo Tortura Nunca Mais, que destacou a importância de identificar os responsáveis pelos crimes cometidos por representantes do governo militar daquele período.

MILITARES DA RESERVA

No final de semana, grupos que representam militares da reserva criticaram em nota os membros da Comissão da Verdade. Criada pelo governo, a comissão, formada por sete integrantes, apura violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, em especial na ditadura militar (1964-1985).

A nota foi assinada pelo presidente do Clube Militar, general de exército Renato Cesar Tibau da Costa; pelo presidente do Clube Naval, vice-almirante Ricardo Antonio da Veiga Cabral; e pelo tenente-brigadeiro-do-ar Ivan Moacyr da Frota.

"Que não venham, agora, os democratas arrivistas, arautos da mentira, pretender dar lições de democracia. Disfarçados de democratas, continuam a ser os totalitários de sempre", afirmam os militares.

Eles criticam o fato de a comissão decidir investigar apenas os crimes cometidos pelos agentes do Estado.

"Ao arrepio do que consta da lei que criou a chamada Comissão da Verdade, os titulares designados para compô-la, por meio de uma resolução administrativa interna, alteraram a lei em questão limitando sua atividade à investigação apenas de atos praticados pelos agentes do Estado, varrendo 'para debaixo do tapete' os crimes hediondos praticados pelos militantes da sua própria ideologia", completam.

A assessoria da Comissão da Verdade informou que não ira se manifestar.


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