Folha de S. Paulo


Família vai receber novo atestado de óbito de Vladimir Herzog na sexta

A família de Vladimir Herzog vai receber nesta sexta-feira (15) uma nova versão do atestado de óbito do jornalista, que foi corrigido por determinação da Justiça.

O evento acontecerá no Instituto de Geociências da USP (Universidade de São Paulo). No mesmo ato, a Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça, fará um julgamento simbólico para que o estudante de geologia da USP Alexandre Vannucchi Leme, morto em 1973, receba a anistia política.

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Justiça mantém nova versão do atestado de óbito de Vladimir Herzog

Instituto Vladimir Herzog
Vladimir Herzog trabalhando em uma redação em 1966
Vladimir Herzog trabalhando em uma redação em 1966

Receberão o novo atestado a viúva do jornalista, Clarice, e os filhos Ivo e Lucas.

Em vez de "suicídio", o documento dirá que a morte "decorreu de lesões e maus tratos sofridos em dependência do 2º Exército de SP".

Vlado, como é conhecido o jornalista, morreu em 1975 após uma sessão de tortura no DOI-Codi, em São Paulo, mas a versão divulgada pelo Exército na época foi a de suicídio.

Em 24 de setembro de 2012, o juiz Márcio Bonilha Filho, da 2ª Vara de Registros Públicos de São Paulo, acatou pedido da Comissão Nacional da Verdade e da família para que fosse feita a retificação.

Após a decisão do juiz, a promotora Elaine Maria Barreira Garcia chegou a entrar com recurso para substituir o texto para "morte violenta, de causa desconhecida". O pedido, no entanto, foi negado pela Justiça paulista.

Herzog compareceu espontaneamente ao DOI-Codi após ter sido procurado por agentes da repressão em sua casa e na TV Cultura, onde trabalhava como diretor de jornalismo. O jornalista foi torturado e espancado até a morte.

A morte gerou manifestações, como a famosa missa na catedral da Sé, em São Paulo, e contribuiu para que o presidente Ernesto Geisel e seu ministro Golbery do Couto e Silva vencessem a queda de braço com a linha dura da ditadura, que pedia um aperto na perseguição à esquerda, sob o argumento de que o país vivia a ameaça do comunismo.


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