Folha de S. Paulo


Pastor organiza abaixo-assinado para presidir comissão na Câmara

O pastor evangélico e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) organizou em seu site uma campanha para que seja indicado à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

Um abaixo-assinado reuniu, segundo o site, mais de 53 mil assinaturas "em favor de Feliciano", polêmico por suas declarações contra homossexuais.

Associação de gay protesta contra indicação de pastor para comissão da Câmara
Pastor pode assumir Comissão de Direitos Humanos da Câmara

Edson Silva - 4.dez.2010/Folhapress
Pastor Marco Feliciano, em sua casa em Orlândia (SP)
Pastor Marco Feliciano, em sua casa em Orlândia (SP)

Em acordo entre os partidos para a divisão de cargos em comissões da Câmara, na semana passada, o PSC de Feliciano ficou com o direito de indicar um nome para comandar o colegiado.

A possibilidade de ele ocupar o cargo tem gerado polêmica nas redes sociais. Em seu abaixo-assinado, Feliciano diz que está sofrendo "perseguição e até ameaça de morte".

No Avaaz, organização que promove campanhas virtuais, um abaixo-assinado pedindo a "imediata destituição" de Feliciano da comissão contabiliza 43 mil assinaturas --o pastor, porém, ainda não foi confirmado no comando do colegiado.

No final de semana, o pastor, que fundou o Ministério Tempo de Avivamento, recebeu o apoio de outros líderes evangélicos.

"Nós não pautamos nossas ações pelo que a mídia quer ou grupos de pressão do ativismo gay. O PSC não pode dar 'mole'", afirmou o pastor Silas Malafaia, em seu Twitter.

Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, é igualmente conhecido por suas declarações contra a homossexualidade.

Também pelo Twitter, o pastor Abner Ferreira, da Assembleia de Deus Ministério Madureira, afirmou que o PSC não deve se curvar.

"Será o maior descalabro de intolerância religiosa impedir que o Marco Feliciano presida a Comissão Direitos Humanos."

'ATIVISMO GAY'

Feliciano já declarou em seu site que o "ativismo gay" serve para promover violência. "Do ponto de vista da política, minoria são grupos desprivilegiados, por não conseguirem estudos e empregos. Os gays não se encaixam nesse perfil, pois são estudados e tem ótimos empregos", afirma o deputado na mensagem.

No final de semana, a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) publicou nota de protesto contra a indicação do pastor.

Segundo a associação gay, o deputado tem feito reiterados pronunciamentos públicos na contramão dos objetivos da comissão. "Em mais de uma ocasião, [Feliciano] teceu comentários depreciativos à população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, mostrando-se totalmente refratário ao reconhecimento dos direitos destas pessoas", defende a associação na nota.

O líder do PSC, André Moura (SE), afirmou que o partido ainda não decidiu quem vai ser escolhido, mas que Feliciano foi um dos deputados da bancada que manifestou a intenção de ficar com o cargo. Ao todo, o partido possui 16 parlamentares na Câmara.

Uma reunião marcada para a próxima terça-feira (5) deve escolher o indicado.


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