Folha de S. Paulo


Aécio vai rebater no Senado críticas do PT ao modelo tucano

Candidato virtual do PSDB à Presidência, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) vai discursar na quarta-feira (20) na tribuna do Senado para rebater a cartilha elaborada pelo PT que opõe os governos Lula e Dilma Rousseff com o de Fernando Henrique Cardoso.

No dia em que o PT vai comemorar os seus 10 anos de governo, o tucano também vai apresentar aos senadores o que chama de "13 fracassos do PT" nos últimos anos.

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Aécio disse que vai "ajudar o PT a fazer uma reflexão" para que o partido reconheça que medidas implantadas por FHC foram mantidas nas gestões petistas.

"Falta generosidade para eles reconhecerem que, se o Brasil avançou, não é obra de um partido. A impressão que tive com essa cartilha é que o Brasil foi descoberto em 2003", disse Aécio, em referência ao ano em que o ex-presidente Lula tomou posse.

Entre os feitos do ex-presidente tucano que serão ressaltados por Aécio, estão a política macroeconômica, a criação do Plano Real e programas de transferência de renda. O senador também vai afirmar que o PT errou, no passado, ao criticar medidas como as privatizações.

"Elas foram tão satanizadas, mas hoje são feitas por eles. Falta senso crítico. Por isso, vou elencar episódios da história em que o PT esteve do lado errado", afirmou.

Reportagem da Folha revelou hoje que o PT começou a construir, em um documento a ser distribuído à militância da sigla, a narrativa que servirá de base para a campanha presidencial do ano que vem.

Aécio deve disputar o Planalto com Dilma, mas parte do PSDB ainda defenda a realização de prévias para a escolha do candidato.

A cartilha, com forte tom ideológico e números de comparação entre a gestão petista e a administração tucana, opõe o projeto que chama de "glorioso" de Lula e Dilma ao modelo que classifica de "desastroso" de Fernando Henrique Cardoso.

LISTA DE FRACASSOS

Entre os "13 fracassos" que Aécio vai enumerar para o PT, o tucano vai mencionar o que chama de "maquiagem fiscal" da política econômica que levou à perda de credibilidade externa do país.

Outro ponto é a penalização das empresas estatais e a "omissão" na área de segurança pública do país.

"Todas as vezes que o PT teve que optar entre o Brasil e o PT, o PT ficou com o PT", afirmou Aécio.

Embora ninguém no PT admita publicamente, os termos da cartilha serão usados como matriz da disputa pela reeleição em 2014. O texto foi produzido pelo Instituto Lula e Fundação Perseu Abramo e supervisionado pelo presidente da sigla, Rui Falcão.

A cartilha não traz autocrítica nem faz menções ao mensalão, tampouco ao julgamento que condenou à prisão alguns de seus líderes. Dirigentes argumentam que também não fizeram menção a escândalos de tucanos.

O livreto de 15 páginas foi encapado com a imagem de Lula e Dilma, como se fossem rostos de um mesmo corpo. Ao citar desemprego, salários, pobreza e distribuição de renda sob FHC, a cartilha diz que "o desastre do neoliberalismo é contundente".

"Por meio de privatizações sem critérios e [sem] decência administrativa, cerca de meio milhão de trabalhadores foram demitidos", diz a cartilha.


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