Folha de S. Paulo


Renan pede a parlamentares que 'deixem de lado' disputa de 2014

Em discurso na abertura dos trabalhos do Congresso nesta segunda-feira (4), o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) pediu aos parlamentares que "deixem de lado" o debate sobre as eleições de 2014 para unirem forças em temas prioritários para o Legislativo.

Eleito presidente do Congresso na última sexta-feira (1º), Renan disse ser "prudente" que o debate presidente seja "congelado" tanto por governistas quanto por integrantes da oposição.

"Ainda que alguns estejam ansiosos para precipitar 2014, é importante sublinhar que temos agenda de votações premente para o Brasil. (...) Considero prudente que o debate presidencial, tema absolutamente extemporâneo, seja congelado. Não é hora de falar em eleição, mas sim, de falar em união."

Ao lado da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Renan criticou três "males" que ele diz prejudicar os trabalhos do Congresso: as medidas provisórias editadas pelo Poder Executivo, a execução do Orçamento da União e os vetos presidenciais.

Em contrapartida, Renan dedicou quase todo o discurso para elogiar o equilíbrio econômico do país e a distribuição de renda promovida pelo governo Dilma Rousseff.

"É oportuno salientar o trabalho de execução social que vem sendo executado pela presidente Dilma Rousseff. Depois de reconquistarmos os mais elementares princípios democráticos, precisamos alcançar outros avanços: a justiça social e a igualdade de oportunidades, sem os quais nenhuma democracia estará completa."

O peemedebista prometeu, em sua gestão, colocar em votação as esperadas reformas política e a tributária.

"A reforma com financiamento exclusivo público proporcionaria melhor equilíbrio. Não creio que haja diagnóstico divergente quanto à necessidade de agregarmos a reforma à agenda de desenvolvimento. Vamos levar adiante a votação das reformas. Elas são imprescindíveis para o país."

Renan disse que o Congresso "é formado por homens públicos que têm exata consciência sobre seus deveres e responsabilidades" e que saberão "dar a melhor busca no bem-estar coletivo".

"Nossa conduta estará pautada pelo bem comum e patriotismo na busca de igualar oportunidades, continuando a distribuir renda, minimizando a pobreza."

CONSTRANGIMENTO

Além de Gleisi, Renan sentou ao lado do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, na sessão de abertura dos trabalhos do Congresso. Ao deixar a sessão, realizada no plenário da Câmara, Renan foi questionado se não ficava "constrangido" de ficar ao lado do presidente da Corte que vai analisar denúncia contra o peemedebista. Renan silenciou e não quis responder.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhou denúncia contra Renan ao STF pelos crimes de uso de documentos falsos, peculato e falsidade ideológica. A denúncia no caso em que Renan teria utilizado recursos de uma empreiteira para pagar pensão de sua filha com a jornalista Mônica Veloso. O senador, segundo o procurador, apresentou supostamente notas fiscais frias para comprovar as despesas.


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