Folha de S. Paulo


Ética é obrigação de todos nós, diz Renan em discurso no Senado

Em seu discurso como candidato a presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) deu um recado aos chamados "independentes" ao dizer que a ética é uma "obrigação de todos nós".

"A ética não é objetivo em si mesmo. O objetivo em si mesmo é o Brasil, o interesse nacional. A ética é meio, não é fim. É obrigação de todos nós, responsabilidade de todos nós e dever desse Senado Federal", afirmou.

Em sua fala, Renan evitou comentar a denúncia da Procuradoria-Geral da República que o acusou de ter praticado os crimes de peculato, falsidade ideológica e utilização de documentos falsos.

Renan Calheiros começou sua carreira política no PC do B; veja a cronologia
Procurador confirma acusação contra Renan por três crimes
Discreto, Renan Calheiros mantém influência no Senado

Ao falar sobre ética, Renan também mencionou o nome do senador João Capiberipe (PSB-AP) --num recado ao colega que assumiu o mandato apenas ano passado depois de ter sido enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

Capiberipe foi um dos "independentes" que discursou contra Renan. Apenas ele e o senador Pedro Simon (PMDB-RS) citaram o nome do candidato do PMDB.

O senador socialista leu, no plenário, trechos do editorial da Folha publicado nesta sexta-feira com críticas à eleição de Renan. "Não bastasse o longo currículo de Calheiros, o bom senso bastaria para vetar sua indicação", disse o senador ao citar trecho do editorial.

Renan disse que seria "injusto" à Casa falar em ética depois que o Senado aprovou "de forma célere, como nunca se aprovou outra matéria", o projeto da Ficha Limpa. "Isso demonstra que esse é compromisso de todos nós", afirmou.

Em 2007, Renan tornou-se suspeito de pagar despesas pessoais com dinheiro de Cláudio Gontijo, que trabalha para a empreiteira Mendes Júnior.

Para justificar que tinha renda para fazer os pagamentos, Renan apresentou documentos e afirmou que tinha ganhos com a venda de gado. O senador pagava uma pensão mensal à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.

Na época, Renan renunciou à presidência do Senado para escapar da cassação. Foi absolvido pelo plenário por duas vezes e manteve o mandato.

PLATAFORMA

Em discurso de 20 minutos, do qual dedicou menos de três para falar de ética, Renan apresentou sua plataforma de trabalhos dividida em "quatro eixos" se for eleito presidente da Casa. O peemedebista anunciou a criação da Secretaria de Transparência no Senado, como havia antecipado em entrevista à Folha.

"A arrojada arquitetura de Niemeyer presente nos três palácio dos Poderes da República é marcada pela transparência de seus vidros. Isso tem simbologia expressiva."

Também prometeu aprofundar as "reformas e modernização" conduzidas pelo senador José Sarney (PMDB-AP) na Presidência do Senado.

"A gestão deve ser pautada nos princípios de transparência ampla, com foco no controle e prestação de contas, racionalidade administrativa para aumentar a eficiência e reduzir a despesa pública", afirmou.


Endereço da página:

Links no texto: