Folha de S. Paulo


Collor defende Renan para a presidência do Senado

O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) subiu à tribuna do Senado nesta sexta-feira (1º) para defender a candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência da Casa. Collor acusou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de ser "chantagista, prevaricador e sem autoridade moral" para apresentar denúncia ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra Renan.

"Como este senhor tem autoridade moral para apresentar uma denúncia contra um senador da República que já foi julgado pelo Senado Federal, já foi julgado e absolvido, e a apresentação dessa denúncia em um sábado antecedendo a eleição do presidente desta Casa na segunda-feira seguinte? Algo de estanho paira no ar."

Renan Calheiros começou sua carreira política no PC do B; veja a cronologia
Procurador confirma acusação contra Renan por três crimes
Discreto, Renan Calheiros mantém influência no Senado
Apoiado por Dirceu, Renan diz que fará uma gestão ética

Gurgel encaminhou a denúncia na semana passada no processo em que Renan tornou-se suspeito de pagar despesas pessoais com dinheiro de Cláudio Gontijo, que trabalha para a empreiteira Mendes Júnior. Para justificar que tinha renda para fazer os pagamentos, Renan apresentou documentos e afirmou que tinha ganhos com venda de gado. O senador pagava pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.

Autor de representação contra Gurgel que tramita no Senado, Collor disse que a Casa "não pode se agachar e aceitar denúncia inepta [contra Renan] partindo de quem está partindo".

Dirigindo-se a Renan, Collor disse que o peemedebista vai enfrentar "trovoadas que alguns já pronunciam", mas defendeu sua candidatura. "Esse senhor é prevaricador, chantagista e sem autoridade moral de colocar um senador já absolvido por esse plenário numa situação de constrangimento que ele quis colocar quando da apresentação dessa pseudo-denúncia."

Collor também fez críticas à mídia, ao afirmar que o Senado está "sempre obediente àqueles que têm o poder da divulgação". "Sempre obedientes e silentes àqueles que servem a esses que têm o poder da divulgação. É o momento este de afirmação do Senado da República."

O senador vem fazendo sucessivos ataques ao procurador desde a CPI do Cachoeira. O senador acusa Gurgel de demorar três anos para denunciar o ex-senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), enquanto adota "postura distinta" com outros políticos.
Além de Collor, diversos peemedebistas se revezam na tribuna do Senado em defesa de Renan. Senadores do grupo dos "independentes" também fazem sucessivos discursos criticando o candidato do PMDB.

EX-CANDIDATO

Lula Marques - 5.jul.2012/Folhapress
Senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), candidato no Senado
Senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)

Com críticas à candidatura de Renan, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que retirou seu nome da disputa porque Pedro Taques (PDT-MT), adversário do peemedebista, é um nome "ético" que pode resgatar a imagem do Senado.

"A candidatura que renunciei foi forma de reação em nome de um dos homens com os maiores republicanos nesse plenário, que é Pedro Taques", disse.

Presidente do DEM, José Agripino Maia (RN) anunciou o voto em Taques por considerar que o Congresso necessita adotar novas práticas - como vem sendo feito no Poder Judiciário. "Para o Congresso ser respeitado, precisamos eleger um nome como Taques."

ACUSAÇÃO

O Procurador-geral da Republica, Roberto Gurgel, denunciou o senador Renan Calheiros sob acusação de ter cometido três crimes : falsidade ideológica, uso de documentos falsos e peculato.

A denúncia foi apresentada ao STF (Supremo Tribunal Federal) na última semana e está no gabinete do ministro Ricardo Lewandowiski, que é o relator do caso.

Em 2007, Renan tornou-se suspeito de pagar despesas pessoais com dinheiro de Cláudio Gontijo, que trabalha para a empreiteira Mendes Júnior. Para justificar que tinha renda para fazer os pagamentos, Renan apresentou documentos e afirmou que tinha ganhos com a venda de gado. O senador pagava uma pensão mensal à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.

A denúncia foi revelada pelo site da revista "Época". Nela diz Gurgel: "Em síntese, apurou-se que Renan Calheiros não possuía recursos disponíveis para custear os pagamentos feitos a Mônica Veloso no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, e que inseriu e fez inserir em documentos públicos e particulares informações diversas das que deveriam ser escritas sobre seus ganhos com atividade rural, com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, sua capacidade financeira".


Endereço da página:

Links no texto: