Folha de S. Paulo


Causa 'estranheza' denúncia contra Renan antes de eleição, diz Raupp

O presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO), disse nesta terça-feira (29) que a denúncia da Procuradoria Geral da República encaminhada ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) não afeta a candidatura do peemedebista para a presidência do Senado. Numa crítica ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, Raupp disse que lhe "causou estranheza" o fato de o procurador ter encaminhado denúncia contra Renan às vésperas da disputa pelo comando do Senado, marcada para sexta-feira (1).

"Eu respeito muito o Gurgel, é da natureza do Ministério Público investigar e abrir denúncia. O que me causou estranheza é o momento, na véspera da eleição do Senado", afirmou.

Raupp disse ser "muito comum" a ex-governadores, parlamentares e ex-presidentes da República denúncias no Judiciário. Em defesa de Renan, o presidente do PMDB afirmou que não há "nenhuma prova concreta" contra o líder do PMDB até o momento.

"Quem tem que dizer [se ele é inocente] é a Justiça. Até agora, não encontramos nenhuma irregularidade", afirmou Raupp.

A bancada do PMDB no Senado vai se reunir na quinta-feira (31) para lançar o nome de Renan como candidato à presidência da Casa. O líder peemedebista não declara oficialmente que é candidato, mas nos bastidores faz campanha para voltar ao comando do Senado - cargo que renunciou em 2007 para escapar da cassação do seu mandato, depois de ser acusado de usar recursos de uma empreiteira para pagar pensão de sua filha.

Raupp disse que Renan é o único nome do PMDB que será apresentado pelo partido para disputar a presidência do Senado. Pela tradição da Casa, o partido com a maior bancada indica o nome para presidir o Senado - no caso, o PMDB.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) lançou candidatura de oposição a Renan, assim como o senador Pedro Taques (PDT-MT) também estuda entrar na disputa.

DENÚNCIA

Gurgel afirmou nesta terça-feira (29) que a denúncia contra Renan é "extremamente consistente" e foi uma iniciativa "ponderada, examinada e refletida". O procurador disse que não poderia dar detalhes sobre o conteúdo da acusação, como por exemplo, os crimes imputados a Renan, por se tratar de um inquérito protegido pelo segredo de Justiça, limitando-se a dizer que "os fatos têm relação com aquele momento em que o senador pretendeu comprovar a origem de sua renda".

Na ocasião, ele apresentou notas de vendas de bois para dizer que teria condições financeiras para pagar a pensão da jornalista Monica Veloso, com quem tem uma filha, e cujas despesas teriam sido pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior.

Ele argumentou, no entanto, que não escolheu o momento para enviar a denúncia por estar próximo das eleições no Congresso. Segundo Roberto Gurgel, o tempo que levou para enviar a denúncia ao Supremo está relacionada com o tamanho do inquérito. "Não houve e não há qualquer intenção de que isto tenha sido feito por esta ou aquela motivação no momento que se aproxima a eleição para a presidência do Senado", afirmou o procurador-geral.

"Esse inquérito é extremamente volumoso. São dezenas de volumes e que consumiram muito tempo de análise. Todo mundo sabe que, no segundo semestre de 2012, o procurador-geral ficou por conta do mensalão. Isso infelizmente retardou a apreciação, não apenas deste, mas de uma série de outros feitos."


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