Folha de S. Paulo


Democracia é aprendizado e exige participação de todos, diz leitora

Nas décadas de 80 e 90, quando vivi minha infância e adolescência, sempre ouvi o seguinte lema: "O Brasil é o país do futuro". Estávamos vivendo o final da ditadura militar.

Como era criança, não entendia muito o que estava acontecendo. Não tinha noção do que acontecia nos bastidores da política nacional. Não sabia das torturas, de pessoas mortas por ser contrárias ao regime, mas não me esqueço das manifestações pelas "Diretas Já", que eram transmitidas pela televisão. Algo estava acontecendo de diferente no país.

Lembro-me da esperança que todos depositaram em Tancredo, mas ele se foi antes do combinado. O futuro ainda não havia chegado.

Veio o Sarney e as maquininhas que não paravam de "tiquetaquear" nos supermercados. Quem tem mais de 35 anos sabe que estou falando das intermináveis remarcações de preços. Foi nesse período que aprendi o que é a inflação. Será que o futuro é tão caro?

É inesquecível a imagem de Ulysses Guimarães promulgando a Constituinte no ano de 1988. Era o início da verdadeira democracia no país. Conquistamos vários direitos, sendo um deles o voto direto a nossos representantes, mas ele também se foi. Os heróis se vão cedo, mas ele deixou a semente do futuro plantada.

De lá para cá, vivemos todos os tipos de crises. Criaram-se vários pacotes econômicos para frear a inflação, tivemos o cruzado, cruzado novo, a URV, a caderneta de poupança foi confiscada, criaram-se vários programas assistenciais, tivemos o mensalão, o tomate aumentou, o real perdeu seu poder de compra, perdemos a Copa em casa e estamos vivendo a Lava Jato. Será que Sergio Moro será nosso próximo herói? Capa ele já tem pela profissão.

O futuro é hoje. Não há um tempo futuro.

Se não estamos satisfeitos, podemos melhorá-lo. A democracia é um aprendizado constante. Sempre haverá erros e acertos, mas é necessário que todos participem do processo.


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