Folha de S. Paulo


Leitor analisa os efeitos do julgamento do mensalão

Se o resultado do julgamento do mensalão foi tardio, merece ser considerado exemplar e inédito. Os bandidos de colarinho branco deram com os burros n'água. Encarcerados, até que foram punidos a tempo. Terno e gravata não escondem a mancha podre da falta de consciência social e humana.

O problema da corrupção no serviço público é um câncer globalizado. A questão de como são tratados os corruptos e de como são encarados os esquemas de desvio de dinheiro público é que sofre tratamento diferenciado, dependendo de cada lugar no mundo e de cada época da história.

No Brasil, nem se fala. Conhecemos os casos de corrupção, mas quem deve agir para investigar e punir os corruptos parece dormir eternamente em berço esplêndido.

A corrupção suja e feia foi o pontapé que alavancou os protestos ocorridos no Brasil a partir de junho de 2013 (e que aqui e ali ainda prosseguem no torrão verde e amarelo).

Esse processo de insatisfação comum tornou a juventude brasileira ainda mais indignada com a corrupção. A hipocrisia humana é tão forte que, não raro, convence as pessoas a perderem a capacidade de refletir sobre a realidade. É uma pena. Mas a juventude verde e amarela, de forma geral, deixa bem claro que não concorda com isso.

Pois bem, mas que juventude é essa? Quem são esses jovens que gritam e fazem questão de mostrar a todas as gerações a sua grande insatisfação pela corrupção? Quem são os jovens que apontam os erros na política e no cenário social?

Dentre as diversas possibilidades de respostas, uma não pode calar: essa juventude é formada, inevitavelmente, pelos representantes públicos sucessores. Esses jovens indignados são os emissários da República de amanhã. São os administradores públicos que sucederão os de hoje. E esse amanhã não demora a chegar. Quanto menos se espera, ali está o futuro.

Só me resta concordar, diante desses breves pensamentos, com Carlos Drummond de Andrade: "As dificuldades são o aço estrutural que entra na construção do caráter". Na construção do caráter social, inclusive.

LUIZ REGIS DA COSTA JUNIOR, presidente da Fundação de Assistência Social Daud Gantus Nasser

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